Biocombustível de coco verde pode resolver problema de R$ 900 mil ao ano
De acordo com Instituto de Tecnologia e Pesquisa, novo combustível resolve gestão de resíduos enquanto diversifica a matriz energética


Repórter de ESG
Publicado em 16 de março de 2025 às 11h47.
Um projeto de pesquisa desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP) está transformando resíduos de coco verde em biocombustível, oferecendo uma solução sustentável para dois desafios simultaneamente: a gestão de resíduos sólidos e a diversificação da matriz energética brasileira.
A iniciativa é conduzida pelo Núcleo de Estudos em Sistemas Coloidais (NUESC), que funciona dentro do ITP há 15 anos, fruto de parceria com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o Centro de Pesquisa da Petrobras (CENPES) e a própria Petrobras. O núcleo se consolidou como referência na pesquisa de combustíveis alternativos e na formação de profissionais qualificados para o setor.
"Transformamos em energia um material que representa um grande desafio para o meio ambiente, em função do alto volume e baixa taxa de decomposição", explica o professor Cláudio Dariva, coordenador do NUESC e pesquisador do ITP, vinculado ao Grupo Tiradentes.
Gestão de resíduos sólidos
O coco verde, amplamente consumido na região costeira do Brasil, gera resíduos de difícil decomposição que frequentemente sobrecarregam o sistema de coleta de lixo e representam gastos significativos para a administração pública.
Dados de pesquisas municipais indicam que os resíduos de coco podem gerar custos anuais próximos a R$ 900 mil para a limpeza urbana. Quando descartados incorretamente, esses materiais agravam ainda mais o passivo ambiental das cidades.
Como funciona?
A tecnologia desenvolvida pelo NUESC utiliza processos como pirólise, gaseificação e fermentação para converter a fibra do coco em biocombustível. O processo envolve três etapas principais: inicialmente, a coleta, secagem e trituração da fibra; em seguida, a conversão térmica da biomassa, gerando bio-óleo, biocarvão e gases combustíveis; e finalmente, o refino dos produtos para uso em motores, geradores ou como insumo agrícola.
Recentemente, os pesquisadores alcançaram um avanço significativo ao integrar três processos que antes eram realizados separadamente: extração de óleo, produção debiodiesele obtenção de bio-óleo a partir de oleaginosas. Esta nova abordagem utiliza fluidos pressurizados em substituição aos solventes orgânicos tradicionais, tornando o processo ainda mais sustentável.
Além dos benefícios ambientais diretos, a iniciativa contribui para a economia circular ao dar nova utilidade a um resíduo problemático, reduz a dependência de combustíveis fósseis e cria oportunidades de geração de empregos na cadeia produtiva do biocombustível.
O desenvolvimento deste tipo de tecnologia se alinha às estratégias globais de diversificação energética, aumento de eficiência e implementação de tecnologias de captura de carbono, representando um exemplo concreto de como a pesquisa científica brasileira pode contribuir para soluções sustentáveis em escala local e nacional.
As energias limpas mais utilizadas no Brasil – e as energias do futuro

2 /8A energia eólica ocupa o segundo lugar no ranking de energias renováveis do Brasil, respondendo por aproximadamente 11,3% da energia produzida no país(A energia eólica ocupa o segundo lugar no ranking de energias renováveis do Brasil, respondendo por aproximadamente 11,3% da energia produzida no país)

3 /8A energia solar fotovoltaica representa cerca de 2,5% da energia gerada no país(A energia solar fotovoltaica representa cerca de 2,5% da energia gerada no país)

4 /8A biomassa, que inclui o uso de matéria orgânica como bagaço de cana-de-açúcar, madeira e óleos vegetais, é responsável por aproximadamente 7,5% da matriz energética brasileira(A biomassa, que inclui o uso de matéria orgânica como bagaço de cana-de-açúcar, madeira e óleos vegetais, é responsável por aproximadamente 7,5% da matriz energética brasileira)
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