ESG

Biden planeja interromper extração de combustíveis fósseis em terras federais

Biden se aproxima de seus compromissos de campanha de deixar de usar combustíveis fósseis e chegar à neutralidade do carbono no setor energético em 2035

 (Alex Wong/Getty Images)

(Alex Wong/Getty Images)

A

AFP

Publicado em 27 de janeiro de 2021 às 10h31.

Última atualização em 27 de janeiro de 2021 às 10h34.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, planeja anunciar nesta quarta-feira (27) novas medidas para limitar a extração de petróleo e gás em terras federais, um novo passo adiante em seu compromisso de frear a mudança climática, segundo informações da mídia e um memorando da Casa Branca.

Você conhece as três letras que podem turbinar seus investimentos? Conheça a cobertura de ESG da EXAME Research

Sua equipe elaborou uma ordem que suspenderá as concessões para a exploração de combustíveis fósseis em territórios que pertencem ao governo, informaram o The Washington Post e outros jornais americanos.

Com este texto, que não afetará os contratos já existentes, o presidente concretizará uma de suas principais promessas eleitorais.

Além disso, Estados Unidos também se comprometerá a proteger 30% das terras e águas federais para 2030, com o objetivo de interromper a perda da biodiversidade, segundo a informação publicada pela imprensa.

O novo governo deseja "transformar a mudança climática em uma prioridade de segurança nacional", de acordo com um memorando da Casa Branca acessado pela AFP. Para isso, planeja restabelecer um conselho presidencial de assessores científicos e outro que lidere a tomada de decisões científicas nas agências federais.

Quase um quarto das emissões de dióxido de carbono americanas vêm da geração de energia em terras públicas, segundo um relatório do governo de 2018. A extração de combustíveis gerou 11,7 bilhões de dólares em receita em 2019, de acordo com dados oficiais.

Com essas medidas, Biden se aproxima de seus compromissos de campanha de deixar de usar combustíveis fósseis e chegar à neutralidade do carbono no setor energético em 2035 e em toda a economia em 2050.

Para Sherri Goodman, que foi subsecretária adjunta para a segurança ambiental do ex-presidente Barack Obama, é "coerente" que o governo comece tomando decisões nos Estados Unidos, dentro de sua ambição de frear a mudança climática em nível global.

Indignação na indústria

Mas a Oceana, uma organização sem fins lucrativos, pediu a Biden que vá mais além e transforme a moratória das concessões em uma proibição.

A organização publicou na terça-feira uma análise que revela que, se as perfurações em águas federais forem permanentemente interrompidas, mais de 19 bilhões de toneladas de emissões de gases de efeito estufa e mais de 720 bilhões de dólares em danos às pessoas e ao meio ambiente podem ser evitados.

Paralelamente, as medidas previstas pelo governo provocaram indignação em parte da indústria dos combustíveis fósseis.

"Restringir o desenvolvimento em terras e águas federais não é nada mais que uma política de 'importar mais petróleo'", disse Mike Sommers, presidente e diretor executivo do American Petroleum Institute.

"A demanda de energia continuará aumentando, especialmente à medida em que a economia se recupera, e podemos optar por produzir essa energia aqui nos Estados Unidos ou depender de países estrangeiros hostis aos interesses americanos", acrescentou.

Cúpula internacional

Estados Unidos anunciará também a realização de uma Cúpula de Líderes Climáticos, organizada por Washington em 22 de abril, Dia da Terra e também quinto aniversário da assinatura do Acordo de Paris, segundo o memorando. 

David Waskow, do Instituto de Recursos Mundiais, afirma que a cúpula será uma oportunidade para produzir um novo impulso multilateral em questões climáticas, após os quatro anos de mandato de Donald Trump.

"Será uma oportunidade para que Estados Unidos venha à mesa de negociações junto a outros para impulsionar a agenda e acelerar o passo frente à COP26", a reunião da ONU sobre o clima que será celebrada em Glasgow no final deste ano, disse à AFP.

Também se espera que Estados Unidos aumente suas ambições ambientais, por exemplo prevendo uma redução de 50% de suas emissões de gases de efeito estufa para 2030, em comparação com os níveis de 2005.

Biden apresentará mês que vem ao Congresso um plano de 2 bilhões de dólares para o clima, com o qual deseja instalar permanentemente medidas 'verdes' dentro da economia americana. No entanto, a relutância de alguns republicanos sem dúvida marcará a oposição a esses planos, embora um acordo entre os dois partidos seja possível, segundo especialistas.

___________________________________________________________________________________

O Brasil terá um mercado regulado de carbono. E agora? | ESG #012

É uma questão de tempo. O governo brasileiro irá instituir um mecanismo de comercialização de emissões. Segundo Gustavo Souza, diretor de política do CDP, o cenário é cheio de oportunidades para as empresas.

Acompanhe tudo sobre:CombustíveisEstados Unidos (EUA)Joe BidenPetróleo

Mais de ESG

Dólar fecha em queda de 0,84% a R$ 6,0721 com atuação do BC e pacote fiscal

Alavancagem financeira: 3 pontos que o investidor precisa saber

Boletim Focus: o que é e como ler o relatório com as previsões do mercado

Entenda como funcionam os leilões do Banco Central no mercado de câmbio