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BCE mira operações de trading de bancos sobre risco climático

O BCE, que ainda não divulgou publicamente os parâmetros dos testes, também estudará os riscos de reputação e operacionais enfrentados pelos bancos

BCE: a decisão de incluir as carteiras de trading dos bancos aumenta a complexidade do exercício (Ralph Orlowski/Reuters)
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Bloomberg

Publicado em 16 de setembro de 2021 às 15h02.

Por Nicholas Comfort, da Bloomberg

O Banco Central Europeu planeja examinar as operações de negociação de grandes instituições financeiras como parte dostestes de estresse climáticono ano que vem. O BCE chegou à conclusão de que apenas avaliar os empréstimos não proporcionará informações suficientes sobre as consequências enfrentadas com o aquecimento global.

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O BCE, que ainda não divulgou publicamente os parâmetros dos testes, também estudará os riscos de reputação e operacionais enfrentados pelos bancos, segundo a Alvarez & Marsal, consultoria que está envolvida no processo, em dados fornecidos à Bloomberg.

A avaliação das operações de trading dos bancos representa mais um desafio para um setor que já alertou não estar preparado para os testes do ano que vem. O BCE busca mais detalhes do que outros bancos centrais e, nos bastidores, tem aumentado a pressão sobre o segmento.

Na Europa, políticos querem que os bancos se tornem um elemento-chave no combate à mudança climática ao reduzir o financiamento de operações poluentes. Investidores avaliam que bancos sobrecarregados por balanços com alto teor de carbono podem enfrentar maiores exigências de capital, o que diminuiria a capacidade de pagar dividendos.

“Nenhum banco tem o que o BCE deseja”, disse Fernando de la Mora, diretor-gerente da Alvarez & Marsal, que assessora as instituições para os testes de estresse. “Bancos globais enfrentam o desafio adicional de encontrar dados de regiões fora da Europa, o que é limitado.”

Um porta-voz do BCE não quis comentar.

O BCE também tem pedido dados sobre emissões associadas às receitas geradas pelos bancos, uma abordagem adotada pelo Banco da Inglaterra para seus testes climáticos este ano devido à falta de dados disponíveis, de acordo com a Alvarez & Marsal.

Na prática, bancos da zona do euro terão que estimar as emissões de carbono das empresas por trás da maior parte de suas receitas com tarifas e juros. Também precisarão fornecer dados sobre emissões, empréstimos e receitas associados aos maiores clientes em todos os setores, segundo análise da consultoria.

A decisão de incluir as carteiras de trading dos bancos aumenta a complexidade do exercício. Mas também permitirá que o BCE veja o impacto nos portfólios de ações ou títulos se estes forem expostos a choques como perdas com dívidas de petroleiras, disse De la Mora.

Tanto o BCE quanto o BOE têm pedido aos bancos que usem um horizonte de 30 anos para avaliar como seus balanços enfrentarão os riscos decorrentes da transição para uma economia com menor peso de setores poluentes, de acordo com a Alvarez & Marsal. Ainda assim, o BOE solicitou aos bancos que também olhem três décadas à frente ao considerar riscos físicos, como clima extremo ou incêndios florestais, enquanto o BCE está usando um horizonte de um ano, segundo a análise.

“O teste do BCE cobre mais áreas do que o BOE, mesmo que usem os mesmos cenários”, disse De la Mora, acrescentando que “provavelmente haverá impacto limitado sobre o capital” a partir dos testes, porque o objetivo antes de tudo é “pressionar os bancos a reforçarem competências”.

 

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