Atletas LGBTQIA+ ganham visibilidade na 'Pride House' de Paris-2024
A 'Casa do Orgulho' é considerada uma espécie de oásis às margens do Sena, onde atletas e apoiadores das questões de gênero têm um espaço na "cidade de todos os amores"
Agência de notícias
Publicado em 30 de julho de 2024 às 14h18.
"Hoje faz muito calor, mas é uma região agradável para sentar, relaxar, beber e comer algo e ver as partidas. É fantástico", afirma Izabella McFarlane, uma australiana de 27 anos "e 100% aliada" do coletivoLGBTQIA+.
Localizada em uma doca do Sena, perto das sedes olímpicas do Grand Palais, da praça da Concórdia e dos Inválidos, essa " Pride House " transmite provas, mas também organiza shows, exposições e atividades culturais.
O objetivo dessa iniciativa que nasceu nos Jogos Olímpicos de inverno de Vancouver-2010 é impulsionar uma maior visibilidade dos esportistas desse coletivo e sensibilizar sobre a discriminação que ainda existe.
"A ideia é realmente poder falar com todo mundo e, com a visibilidade (...) dos Jogos Olímpicos, sabemos muito bem que podemos mudar as coisas", assegura Jérémy Goupille, copresidente da associação Fier-play e coorganizador.
Segundo a imprensa especializada Outsports, os Jogos Olímpicos de Paris-2024 registraram "um recorde " com 193 esportistas desse coletivo, sobretudo mulheres, acima dos 186 de Tóquio-2020 e os 53 da Rio-2016.
Entre eles está o saltador britânico Tom Daley, medalha de prata em Paris-2024 e um dos atletas gays mais conhecidos, a judoca brasileira Rafaela Silva e a jogadora espanhola Alexia Putellas.
"Cidade de todos os amores”
A australiana Poppy Starr Olsen, 24 anos, ficou em quinto lugar em Tóquio-2020 na competição de skate e, embora não esteja participando da edição atual, viajou a Paris para apoiar a Pride House,que ela considera “importante” manter.
“ O skate é realmente queer ”, mas mesmo em "uma comunidade muito boa de pessoas realmente positivas’, ‘ há insultos no skatepark ", diz a jovem, para quem o esporte foi "um lugar incrível para crescer como uma pessoa queer".
A cerimônia de abertura de Paris-2024, que contou com a participação de artistas gays, transgêneros e queer, destacou a “ cidade do amor, de todos os amores ”, nas palavras do vice-prefeito da capital, Jean-Luc Romero-Michel.
Mas as críticas dos católicos e da extrema direita a uma cena em que várias drag queens parecem representar a última ceia de Jesus com seus apóstolos mostram que ainda há um caminho a percorrer.
Essa controvérsia estava na mente dos presentes na abertura de segunda-feira à noite de uma Pride House lotada, que terminou com as batidas do artista mexicano Jaydena e do DJ Tim Zoauri.
“Foi uma mensagem de inclusão, reconciliação e celebração do deus olímpico Dionísio e não foi, de forma alguma, uma provocação contra qualquer tipo de religião”, disse a ministra dos esportes da França, Amélie Oudéa-Castéra, à imprensa reunida.
A Pride House de Paris-2024 foi entregue pelos organizadores da Pride House de Tóquio-2020, com o objetivo de manter viva a chama de uma luta que não esteve presente nos Jogos de Inverno de Sochi-2014.
“Seria ótimo se tivéssemos algo semelhante ou igual” em Brisbane-2032, diz McFarlane. “Todos devem receber o mesmo tratamento e acho que o esporte é uma ótima maneira de mostrar isso ao mundo”, conclui.