Antirracismo e ancestralidade são pautas fundamentais da educação inclusiva
Tema foi discutido por Lázaro Ramos, Luciano Huck, Ana Maria Gonçalves e Daniel Munduruku no Festival Led — Luz na Educação
Marina Filippe
Repórter de ESG
Publicado em 16 de junho de 2023 às 16h31.
Última atualização em 16 de junho de 2023 às 16h45.
Como promover uma educação efetiva no Brasil, que considere as diferenças da população e seja antirracista? Essas são as questões que estão permeando o primeiro dia do Festival Led — Luz na Educação, promovido pela Globo e Fundação Roberto Marinho no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.
Para debater os temas, o primeiro painel, com mediação de Luciano Huck, contou com o escritor, professor e ator Daniel Munduruku, o ator e autor Lázaro Ramos e a escritora Ana Maria Gonçalves. "No Brasil, uma pessoa branca como eu tem mais facilidade de encontrar registros de seus antepassados do que as pessoas pretas. A gente aprende pouco sobre ancestralidade por conta do apagamento histórico de mais da metade da população brasileira", disse Huck.
Para Lázaro Ramos, a análise de Huck é comum por uma série de processos racistas que jogam fora a potência das pessoas negras. "Durante muito tempo eu não sabia quanto o povo e a nação estávamos jogando fora. Depois eu entendi que dar a notícia de que é preciso ser antirracista é uma missão do nosso tempo".
É por isto que, para Ana Maria Gonçalves, a ancestralidade deve ser abordada nas escolas. "A ancestralidade aponta para o futuro a partir do acúmulo de vivências, trazendo um pensamento original que se adapta aos novos tempos", diz.
A sabedoria ancestral, de acordo com Munduruku, é algo para além do atual. "A ancestralidade é uma teia de aranha, um único fio que vai emendando a história dos que vieram antes e dos que virão depois. Somos todos parte de uma tradição e a continuação dela".
Educação antirracista
Ana Maria lembra que a abordagem antirracista é bastante recente na educação do país. "A gente ainda é uma sociedade nova, que fala de racismo abertamente há cerca de 15 anos. Para ter uma ideia, a palavra racismo só entrou no dicionário em 1982".
Como pai de duas crianças, Lázaro reforça a importância da família no aprendizado e no incentivo da diversidade no ambiente escolar. "Como pai, muitas vezes levo livros de histórias antirracista e tenho esse papel de cobrança, assim como do incentivo. Acredito na importância da escola como um lugar poderoso de valorização do professor e do aluno, podendo ser ainda melhor com a participação das famílias".
Esse tipo de incentivo poderia mudar o conceito de pertencimento e orgulho do brasileiro. Para Daniel, as pessoas estão buscando outras nacionalidades, como as europeias, ao invés de serem elas mesmas. "A educação precisa reforçar uma forma de valorizar a si mesmo e o outro, aceitando quem o outro é e sem querer colonizá-lo. A educação pode ser uma porta para a inclusão e diversidade".
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Como promover uma educação efetiva no Brasil, que considere as diferenças da população e seja antirracista? Essas são as questões que estão permeando o primeiro dia do Festival Led — Luz na Educação, promovido pela Globo e Fundação Roberto Marinho no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.
Para debater os temas, o primeiro painel, com mediação de Luciano Huck, contou com o escritor, professor e ator Daniel Munduruku, o ator e autor Lázaro Ramos e a escritora Ana Maria Gonçalves. "No Brasil, uma pessoa branca como eu tem mais facilidade de encontrar registros de seus antepassados do que as pessoas pretas. A gente aprende pouco sobre ancestralidade por conta do apagamento histórico de mais da metade da população brasileira", disse Huck.
Para Lázaro Ramos, a análise de Huck é comum por uma série de processos racistas que jogam fora a potência das pessoas negras. "Durante muito tempo eu não sabia quanto o povo e a nação estávamos jogando fora. Depois eu entendi que dar a notícia de que é preciso ser antirracista é uma missão do nosso tempo".
É por isto que, para Ana Maria Gonçalves, a ancestralidade deve ser abordada nas escolas. "A ancestralidade aponta para o futuro a partir do acúmulo de vivências, trazendo um pensamento original que se adapta aos novos tempos", diz.
A sabedoria ancestral, de acordo com Munduruku, é algo para além do atual. "A ancestralidade é uma teia de aranha, um único fio que vai emendando a história dos que vieram antes e dos que virão depois. Somos todos parte de uma tradição e a continuação dela".
Educação antirracista
Ana Maria lembra que a abordagem antirracista é bastante recente na educação do país. "A gente ainda é uma sociedade nova, que fala de racismo abertamente há cerca de 15 anos. Para ter uma ideia, a palavra racismo só entrou no dicionário em 1982".
Como pai de duas crianças, Lázaro reforça a importância da família no aprendizado e no incentivo da diversidade no ambiente escolar. "Como pai, muitas vezes levo livros de histórias antirracista e tenho esse papel de cobrança, assim como do incentivo. Acredito na importância da escola como um lugar poderoso de valorização do professor e do aluno, podendo ser ainda melhor com a participação das famílias".
Esse tipo de incentivo poderia mudar o conceito de pertencimento e orgulho do brasileiro. Para Daniel, as pessoas estão buscando outras nacionalidades, como as europeias, ao invés de serem elas mesmas. "A educação precisa reforçar uma forma de valorizar a si mesmo e o outro, aceitando quem o outro é e sem querer colonizá-lo. A educação pode ser uma porta para a inclusão e diversidade".
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