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A jornada sustentável da Minerva mostra que pecuária e impacto podem andar lado a lado

Investimento em novas tecnologias e avanço em ranking de empresas com menor risco ambiental deixam a Minerva otimista diante dos desafios para uma pecuária menos agressiva

 (Pilar Olivares/Reuters)

(Pilar Olivares/Reuters)

No início de 2021, a Minerva Foods foi reconhecida como a segunda entre as principais empresas do setor de proteína animal com o menor vínculo com desmatamento em um ranking global da ONG britânica Global Canopy, ficando atrás apenas da JBS. O ranking elencou 500 empresas de todo o mundo que apresentam os menores riscos de exposição a fornecedores de commodities com algum risco florestal.

O resultado é reflexo do esforço contínuo com práticas sólidas de ESG, sigla que tem tomado conta do mercado financeiro e representa a adoção de critérios sociais, ambientais e de governança, segundo Taciano Custodio, diretor de sustentabilidade da Minerva. “Subimos três posições no ranking em um período de um ano. Isso nos ajuda a estabelecer a dianteira e reforçar nosso compromisso social e ambiental acima de tudo”, diz.

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Com os investimentos em tecnologias de rastreamento, controle de áreas desmatadas e monitoramento de reservas ambientais e indígenas, a empresa tem debaixo de seu guarda-chuva cerca de 9.000 fornecedores na região amazônica em um raio que abrange mais de 9 milhões de hectares.

Com a pandemia, a preocupação com protocolos mais rígidos de segurança - e higiene - também ajudaram a Minerva a manter a uma posição privilegiada no mercado, segundo Custodio. “A segurança deixou de ser a única preocupação dos consumidores ao comprarem um alimento. Hoje, a sustentabilidade e o pleno conhecimento da cadeia de valor e do que está por trás de um produto é essencial”, diz.

A conduta florestal é uma adição à postura ambiental da empresa, que afirma ter uma política de tolerância zero a maus tratos animais e ao uso de antibióticos de maneira profilática, ou seja, de modo a prevenir doenças.

Analisando a cadeia indireta

Rastrear a origem e a conduta da pecuária em um país com dimensões continentais como o Brasil não é tarefa fácil. Para a Minerva, um desafio adicional também tem relação com a entrada de fornecedores na cadeia: a empresa estima a adesão de 12 mil novos fornecedores indiretos - pecuaristas que criam e fornecem cabeças de gado - anualmente.

Para isso, a Minerva conta com a Vispec, ferramenta de monitoramento e rastreabilidade de fornecedores indiretos no Brasil que analisa e mapeia áreas relacionadas ao desmatamento, terras indígenas, áreas de proteção ambiental e regiões com associação ao trabalho escravo. Desenvolvida pela Universidade de Wisconsin-Madison, o software ajudar a desenvolver e orientar planos de ação viáveis ​​para enfrentar os riscos ambientais da cadeia.

A ferramenta não é nova e ainda está em fase de testes na Amazônia, mas a Minerva obteve recentemente o resultado da operação inicial da Vispec nos Estados de Mato Grosso e Rondônia em seu primeiro ano de existência.  Das 3.314 fazendas avaliadas e identificadas como potenciais fornecedores indiretos, 99,9% estão em linha com os critérios da empresa e têm uma conduta socioambiental positiva.

Em um mapeamento feito pela empresa em parceria com a empresa de tecnologia NicePlanet, a Minerva tentou avaliar sua relação com o desmatamento a partir da análise de todas as propriedades rurais da Amazônia Legal registradas no Cadastro Ambiental Rural (CAR).

Foram 630.000 propriedades mapeadas. Destas, 72% não possuem nenhum vínculo com o desmatamento. Para as demais propriedades, o estudo estimou que 90% delas têm extensão inferior a 500 hectares - tamanho mínimo para que uma propriedade seja capaz de produzir o suficiente para atender o mercado internacional de exportação. No caso da pecuária, uma fazenda de 100 a 500 hectares, por exemplo, só é capaz de produzir 3 a 18 cabeças de gado por mês.

A partir desse mapeamento, a Minerva concluiu que a maior parte do desmatamento no Brasil vem de pequenos produtores que usualmente não possuem a cadeia de monitoramento tecnificada. “Falamos de investimento em genética, nutrição, pastagem, infraestrutura. Dificilmente um produtor que não atende a esses requisitos básicos de produção conseguirá se associar a grandes marcas, como a Minerva, para exportar seu produto”, afirma Custodio. Parte da segurança produtiva e ambiental da Minerva está relacionada, portanto, aos protocolos exigidos para seus fornecedores - que estão longe de serem pequenos produtores.

Monitoramento no Cerrado

Em 2020, a Minerva excedeu os limites da Amazônia e levou o monitoramento geográfico de fornecedores diretos ao Cerrado, bioma que sofre com índices alarmantes de desmatamento e que já perdeu 50% de sua área original. A preocupação com a preservação do Cerrado também é reflexo direto da pressão de investidores e multinacionais por cadeias de menor impacto e comprometimento ambiental. “Somos a primeira empresa do setor a olhar para o problema do desmatamento para além da região amazônica e garantir a rastreabilidade de fornecedores no Cerrado, área tão importante quanto a Amazônia para a pecuária nacional”, diz Custodio.

Para 2021, os planos da Minerva se resumem à uma extensão da capacidade de monitoramento para todos os países onde a empresa opera, marcando presença em 100% das fábricas. Outra novidade está no início do monitoramento da cadeia na Colômbia até dezembro deste ano.

O compromisso ambiental da Minerva também compreende esforços por uma maior eficiência. Entre 2018 e 2019, a empresa reduziu em 41% suas emissões de carbono e gerou uma economia de 5% no consumo energético, segundo dados da empresa. “Estamos voltados a uma atuação neutra em carbono, com compromissos gerais das reduções de nossas emissões”.

Para isso, a empresa vai focar em uma matriz energética mais limpa, a fim de mitigar o risco das mudanças climáticas. “Queremos ser relacionados como uma empresa que produz alimento de maneira limpa", diz Custodio.

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