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Redação Exame
Publicado em 11 de novembro de 2024 às 14h06.
Última atualização em 7 de dezembro de 2024 às 14h15.
O ano de 2024 está caminhando para ser o mais quente já registrado, de acordo com um relatório emitido pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) apresentado no primeiro dia da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29), que acontece em Baku, no Azerbaijão. O documento destaca que o intervalo entre 2015 e 2024 serão os dez anos mais quentes já registrados, resultando na perda de gelo das geleiras, elevação do nível do mar, com o aquecimento do oceano que está acelerando.
A temperatura média global do ar na superfície de janeiro a setembro de 2024 foi de 1,54 °C acima da média pré-industrial.
“As chuvas e inundações recordes, os ciclones tropicais que se intensificam rapidamente, o calor mortal, a seca implacável e os incêndios florestais violentos que vimos em diferentes partes do mundo este ano são, infelizmente, nossa nova realidade e uma amostra do nosso futuro”, disse Celeste Saulo. “Precisamos urgentemente reduzir as emissões de gases de efeito estufa e fortalecer nosso monitoramento e compreensão das mudanças climáticas. Precisamos intensificar o suporte à adaptação às mudanças climáticas por meio de serviços de informação climática e Alertas Antecipados para Todos”, disse a Secretária-Geral da OMM, Celeste Saulo.
“Como o aquecimento mensal e anual ultrapassa temporariamente 1,5 °C, é importante enfatizar que isso NÃO significa que falhamos em atingir a meta do Acordo de Paris de manter o aumento da temperatura média global de longo prazo da superfície bem abaixo de 2 °C acima dos níveis pré-industriais e prosseguir com os esforços para limitar o aquecimento a 1,5 °C”, complementa, Celeste Saulo.
“Anomalias registradas de temperatura global em escalas de tempo diárias, mensais e anuais são propensas a grandes variações, em parte devido a fenômenos naturais como El Niño e La Niña. Elas não devem ser equiparadas à meta de temperatura de longo prazo definida no Acordo de Paris, que se refere aos níveis de temperatura global sustentados como uma média ao longo de décadas”, disse a autoridade.
A OMM estabeleceu uma equipe internacional de especialistas para rastrear e monitorar o aumento do aquecimento em comparação com a meta a longo prazo do Acordo de Paris. Até agora, a indicação inicial é que o aquecimento global nesse período será de cerca de 1,3 °C em comparação com a linha de base de 1850-1900.
Dados em tempo real indicam que os gases do efeito estufa atingiram níveis recordes em 2024 e seguem aumentando em 2024. A concentração atmosférica de dióxido de carbono (CO2) aumentou de cerca de 278 ppm em 1750 para 420 ppm no ano passado, um aumento de 51%. Isso retém o calor e faz as temperaturas aumentarem.
"A catástrofe climática está afetando a saúde, ampliando as desigualdades, prejudicando o desenvolvimento sustentável e abalando as fundações da paz. Os vulneráveis são os mais atingidos", disse o secretário-geral da ONU, António Guterres.
O calor dos oceanos bateu recorde em 2023 e caminha para repetir a marca em 2024. Essa crescente dialóga com um aumento registrado desde 2005, quando desde aquele ano até agora, as águas absorveram em média aproximadamente 3,1 milhões de terawatts-hora (TWh) de calor a cada ano. Isso é mais de 18 vezes o consumo mundial de energia em 2023.
Junto com o aquecimento dos mares, há a preocupação com a elevação do nível do mar acelerada devido à expansão térmica de águas mais quentes e ao derretimento de geleiras. De 2014 a 2023, o nível médio global do mar subiu a uma taxa de 4,77 mm por ano, mais que o dobro da taxa entre 1993 e 2002. O efeito El Niño fez com que ele crescesse ainda mais rapidamente em 2023. Dados preliminares de 2024 mostram que, com o declínio do El Niño, ele caiu de volta a níveis consistentes com a tendência crescente de 2014 a 2022.
Há ainda a perda de geleiras. Em 2023, as geleiras perderam um recorde de 1,2 metro de água equivalente de gelo — cerca de cinco vezes a quantidade de água no Mar Morto. Foi a maior perda desde que as medições começaram em 1953 e foi devido ao derretimento extremo na América do Norte e na Europa. Na Suíça, as geleiras perderam cerca de 10% de seu volume restante em 2021 e 2022 e 2022 e 2023.
A extensão do gelo marinho antártico — tanto o mínimo anual em fevereiro quanto o máximo em setembro — foi a segunda menor no registro de satélite (1979-2024) depois de 2023. A extensão mínima do gelo marinho do Ártico após o derretimento do verão foi a sétima menor no registro de satélite e o máximo ficou logo abaixo da média de longo prazo de 1991-2020.