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Lei europeia se torna referência, mas Brasil precisa aprofundar debate sobre IA

Especialistas projetam que legislação recém-aprovada pode influenciar discussão regulatória

Regulação da IA deve estimular inovação e não se trava ao ambiente de negócios (Freepik)
Esfera Brasil

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Publicado em 19 de março de 2024 às 08h31.

A aprovação, pelo Parlamento Europeu, de uma legislação específica para a inteligência artificial, na última semana, traz uma referência concreta para os debates que devem se aprofundar até o próximo mês aqui no Brasil, quando o Congresso Nacional deverá discutir a criação de regras para o uso deste tipo de tecnologia pelas empresas.

“Como na regulamentação aprovada na Europa, as bases para a regulamentação brasileira estão sobre a transparência sobre o uso da tecnologia, a exigência de uma governança de IA pelas empresas criadoras e utilizadoras com a existência de controles, avaliações e documentações, algo que não existe hoje, e que segue as tendências de controle previstas em legislações recentes, como é o caso da proteção de dados”, projetou o advogado Márcio Chaves, sócio da área de direito digital do escritório Almeida Advogados.

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“Diante de tal proximidade dos textos regulatórios os debates por lá não se distanciam tanto daqueles que estamos travando por aqui quanto aos desafios da regulamentação: o risco de engessar a inovação, de criação de barreiras para entrada de empresas no mercado, o amplo alcance da regulamentação frente à complexidade e especificidade de cada tipo de uso da IA, e possuir aplicabilidade prática, mas que ao mesmo tempo não a torne obsoleta frente à evolução tecnológica", complementou.

Realidade brasileira

Embora a aprovação de uma regulação do outro lado do Atlântico influencie o debate regulatório no Brasil, especialistas alertam para a importância de não replicar integralmente o texto que é fruto das deliberações dos parlamentares europeus.

Segundo a advogada Carolina Giovanini, especialista em privacidade e proteção de dados do escritório Prado Vidigal, de acordo com o texto aprovado pelo Parlamento Europeu, os sistemas poderão ser classificados entre sistemas “sem risco sistêmico”, que atraem obrigações de transparência, e sistemas “com risco sistêmico”, que geram obrigações específicas, como o desenvolvimento de documentação técnica adequada.

“O debate regulatório deve levar em consideração fatores como o estágio de desenvolvimento econômico, as características da indústria brasileira e a capacidade institucional do país. Assim, o Brasil pode aproveitar este momento para investir estrategicamente no campo de IA e aprender com as experiências regulatórias da UE, adaptando posteriormente as melhores”, conclui Carolina.

Em um dos pontos, a legislação aprovada na Europa prevê a criação de uma autoridade central de aplicação das regras para sistemas de inteligência artificial. Para entrar em vigor, o texto depende da ratificação pelas assembleias de representantes dos países que integram o bloco.

No Brasil, também se discute a necessidade de uma autoridade central para fiscalizar e aplicar eventuais sanções que deverão ser previstas pela legislação referente aos sistemas de inteligência artificial. Em 2023, no entanto, durante o debate sobre o PL das Fake News, que propunha a criação de regras específicas para grandes empresas de tecnologia da informação, também veio à tona a necessidade de um órgão fiscalizador. Tal trecho acabou amplamente criticado por deputados de oposição e se tornou um dos pontos de impasse do projeto, que ainda segue em espera por uma análise definitiva do Legislativo.

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