Eduardo Gomes: “Terceira via é acostamento”
Mesmo com polarização entre Bolsonaro e Lula, senador acredita que teremos eleições tranquilas: “Será tudo muito protocolar”
Esfera Brasil
Publicado em 1 de abril de 2022 às 07h00.
Última atualização em 1 de abril de 2022 às 17h45.
Evento da Esfera Brasil ocorrido no início de fevereiro teve como convidados o senador Eduardo Gomes (MDB-TO), líder do Governo no Congresso Nacional, e o economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato. A conversa teve como temas o atual cenário político-econômico brasileiro e projeções para o futuro próximo, considerando principalmente as eleições presidenciais que serão realizadas neste ano.
Honorato destacou que há perspectivas otimistas para a economia em 2022. Porque, para ele, os estados têm mais dinheiro em caixa por conta dos repasses do Governo Federal durante o combate à pandemia e, ainda, a retomada econômica, que vem, aos poucos, reaquecendo diversos setores do mercado.
Na ocasião, o economista havia dito que a inflação deveria estar em queda durante os meses seguintes à data do evento, e que isso influenciaria na tomada de decisão do eleitorado. Entretanto, a guerra entre Rússia e Ucrânia, iniciada no final de fevereiro, mudou o cenário. Em entrevista recente para o Estadão, Fernando Honorato Barbosa disse que a guerra vai trazer mais inflação e talvez elevar o pico da Selic neste ciclo de alta (a atual projeção do Bradesco é 12,25%), com o aperto monetário impactando o crescimento em 2023, projetado em 0,5% (como o de 2022).
Apesar disso, ele enxerga resiliência na economia brasileira, que não sofre risco de solvência de curto prazo, com o risco eleitoral já “mais ou menos precificado”, apesar de possíveis ruídos na campanha.
Para Honorato, no pós-eleição será importante estabelecer um regime fiscal crível, focado na responsabilidade com o dinheiro público, e investir fortemente em pautas sustentáveis: “O Brasil precisa deixar de ser isolado e liderar a agenda ambiental.”
O senador Eduardo Gomes, por sua vez, destacou as reformas conduzidas pelo Congresso recentemente, como as da previdência e a do teto de gastos, e disse que a Casa deve trabalhar com certa urgência nos próximos meses, devido ao ano eleitoral: “Restam ainda reformas importantes, como a tributária, que deve ter o mesmo destino das reformas que se consolidaram neste governo. Como temos um ano de eleição e, com a possibilidade da entrada do país na OCDE, marcos do ponto fiscal podem ser aprovados pontualmente ainda em 2022.”
Sobre as projeções para a corrida pela Presidência, Gomes diz que vê um cenário polarizado e que o ambiente eleitoral irá determinar o ritmo das campanhas: “O cenário político atual demonstra um quadro absolutamente dividido entre o presidente Bolsonaro e o ex-presidente Lula, e uma série de candidaturas alternativas buscando um espaço competitivo para influenciar em um turno segundo”. E completou: “Terceira via é acostamento. Bolsonaro e Lula tomam todo o espaço do debate político”. Mesmo com a alta expectativa diante desse cenário, o senador acredita que teremos eleições tranquilas: “Será tudo muito protocolar.”