Como a reforma tributária pode influenciar o preço dos medicamentos
Quase 400 substâncias foram classificadas como isentas no texto que está na Câmara dos Deputados
Plataforma de conteúdo
Publicado em 10 de julho de 2024 às 15h16.
Com a regulamentação da reforma tributária na ordem do dia da Câmara dos Deputados, muita gente se pergunta como deve ficar a situação dos medicamentos no novo regime, que institui o Imposto sobre Valor Agregado (IVA) em substituição a cinco tributos de responsabilidade da União e também dos entes federados.
De acordo com o relatório do projeto de lei que regulamenta a operação do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), 383 substâncias foram classificadas como isentas da incidência de tributos e 850 princípios ativos terão a alíquota reduzida, em um regime específico de tributação.
Na lista de medicamentos com isenção do IVA estão vacinas contra Covid-19, dengue, gripe, cólera, febre amarela, poliomielite e sarampo, além de substâncias como a insulina e o antiviral abacavir (usado contra o HIV). Entre os princípios ativos com alíquota reduzida, estão o omeprazol, o ansiolítico lorazepam, o medicamento para pressão alta losartana, a metformina (usada para diabetes) e o antirreumático prednisona.
O grupo de trabalho formado pelos deputados Cláudio Cajado (PP-BA), Reginaldo Lopes (PT-MG), Hildo Rocha (MDB-MA), Joaquim Passarinho (PL-PA), Augusto Coutinho (Republicanos-PE), Moses Rodrigues (União-CE) e Luiz Gastão (PSD-CE) tem debatido o tema desde maio. Na última semana, eles optaram por retirar o citrato de sildenafila, medicamento para impotência sexual, da lista de medicamentos com isenção. Dessa forma passa a incidir sobre esse princípio a alíquota reduzida de 40%. Absorventes passaram para a alíquota zero. Ainda é possível que novas alterações ocorram em negociações a serem concluídas no plenário da Casa.
Custos menores
De acordo com o secretário extraordinário de Reforma Tributária do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, a aprovação de um novo regime tributário permitirá “uma redução relevante de custos” dos medicamentos. Além da redução ou isenção de alíquotas, ele destacou que o fim da cumulatividade deve influenciar diretamente para que os preços fiquem mais baixos.
“Quando o medicamento com [cobrança de] ICMS [Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços, que vai deixar de existir] vai para alíquota reduzida, há uma redução grande, de 20% para 10% [na carga tributária]. Se já tem alíquota zero, continua isento, mas ganha porque não tem mais cumulatividade”, explicou Appy.
Caso haja a redução de 60% para a alíquota geral, os medicamentos incluídos no regime específico pagarão apenas 10,6% de imposto, levando em consideração a alíquota média de 26,5% defendida pelo governo.
Para ser aprovado pela Câmara dos Deputados, o projeto de lei complementar exige maioria absoluta, o que equivale a 257 parlamentares. A votação ocorre apenas em um turno e seguirá para análise do Senado Federal em caso de aprovação.