Durante períodos de alta geração, baterias armazenam o excedente de energia, que pode ser liberado, à noite, por exemplo, no caso da solar (Jonne Roriz/Bloomberg/Getty Images)
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Publicado em 19 de março de 2025 às 06h00.
Previsto para o segundo semestre deste ano, o leilão para armazenagem de energia em baterias pode representar um passo importante para o setor elétrico, na direção de uma matriz energética mais estável e sustentável. A viabilidade econômica de projetos neste sentido, no entanto, depende do avanço da regulamentação.
Ainda que represente um custo elevado, esse tipo de tecnologia pode permitir maior independência energética para consumidores que possuem geração distribuída, como painéis solares. No longo prazo, isso pode refletir em redução na conta de luz porque empresas e domicílios passariam a conseguir utilizar a energia armazenada em horários de pico, evitando tarifas mais altas.
Ao mesmo tempo, a ampliação das possibilidades no setor também poderia acarretar em maior eficiência no uso de fontes renováveis, reduzindo o desperdício. Nessa dinâmica, as baterias armazenam o excedente de energia, que pode ser liberado quando a geração é baixa, à noite, por exemplo, no caso dos painéis solares. Isso pode evitar oscilações no fornecimento e reduz a necessidade de usinas térmicas para suprir demandas emergenciais.
Apesar de serem termos literalmente parecidos, armazenamento de energia em baterias não tem qualquer tipo de relação com reserva de capacidade na forma de potência – outro conceito amplamente difundido recentemente –, que na verdade é uma reserva operacional para garantir a segurança do sistema, independentemente da geração efetiva de energia.
“Baterias são dispositivos físicos que armazenam eletricidade e podem ser utilizadas para fornecer energia sob demanda. Diferente da reserva de capacidade, que está atrelada à disponibilidade de infraestrutura para fornecimento de potência, as baterias armazenam a energia gerada previamente e podem ser descarregadas no momento necessário”, afirmou o advogado Tiago Lobão Cosenza, sócio do escritório LCFC Advogados e que atua diretamente no setores de regulação e energia.
Ainda segundo Cosenza, a armazenagem de energia em baterias pode ser útil em uma série de circunstâncias, que podem variar de acordo com o perfil dos consumidores, tais como:
residências e pequenos comércios: uso de baterias acopladas a sistemas fotovoltaicos para armazenamento de energia e redução da dependência da rede elétrica;
indústrias: mitigação de picos de demanda, reduzindo custos com tarifas horárias mais altas;
grandes usinas de fontes renováveis: integração de baterias para estabilização do sistema e redução da necessidade de backup térmico;
veículos elétricos: aproveitamento da tecnologia de baterias para recarga em horários de menor demanda;
hospitais e data centers: garantia de energia ininterrupta em casos de falha na rede.