Venezuela lança nova moeda, com cinco zeros a menos
Um dos principais produtos que devem ser impactos é a gasolina, uma das poucas coisas que ainda se compra barato na Venezuela.
EXAME Hoje
Publicado em 20 de agosto de 2018 às 05h43.
Última atualização em 20 de agosto de 2018 às 07h18.
Começam a circular nesta segunda-feira na Venezuela as notas do “Bolívar Soberano”, a nova moeda do país. Em relação à moeda anterior, o “bolívar forte”, a única diferença é que as novas notas terão cinco zeros a menos –mas forte ou soberano, o dinheiro venezuelano deve continuar desvalorizado.
O bolívar soberano foi anunciado em março pelo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, como solução para a hiperinflação que assola o país. No ano passado, o índice de preços ao consumidor subiu 2.616%, segundo a Assembleia Nacional, controlada pela oposição – o governo não publica dados oficiais desde 2015– no que já foi considerada a maior inflação do mundo. Neste ano, a previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI) é que a inflação da Venezuela ultrapasse 1.000.000%.
A nova moeda havia sido inicialmente anunciada com três zeros a menos que a atual e deveria ter começado a valer no início de junho, mas as novas cédulas não chegaram a tempo ao país. No final de julho, em um anúncio na televisão, Maduro anunciou que o bolívar soberano terá cinco zeros cortados e será indexada ao petro, uma criptomoeda lançada no ano passado, supostamente apoiada pelas reservas de petróleo do país.
Segundo o “DolarToday”, site que acompanha o valor da moeda venezuelana, o bolívar forte perdeu 98% de seu valor em relação ao dólar desde o início do ano. As novas notas em circulação devem continuar valendo pouco. Segundo estimativas da Assembleia Nacional, que calcula uma alta de 46.305% na inflação até junho deste ano, a nota mais alta vai valer 6 dólares até o final de agosto e apenas 20 centavos até o final do ano.
Um dos principais produtos que devem ser impactos é a gasolina, uma das poucas coisas que ainda se compra barato na Venezuela. Segundo a Reuters, um litro de gasolina comum custa 1 bolívar, já uma xícara de café custa 2,2 milhões.
Na semana passada, o governo anunciou que o combustível passará a ser comercializado a preços do mercado internacional. Com a nova moeda, o aumento deve chegar ao menos a 10.000%. O subsídio só continuará valendo para os portadores da Carteira da Pátria, documento que dá acesso a alimentos com preços subsidiados, remédios, benefícios sociais, hospitais e escolas públicas.
Maduro tenta de todas as formas aumentar o controle social, o que só aumenta o sofrimento dos venezuelanos. No domingo o governo pediu ao Brasil que proteja os venezuelanos após uma série de confrontos na cidade Pacaraima, em Rondônia. Açoitados por seu governo e atacados por cidadãos de países vizinhos, os venezuelanos não têm para onde correr