Economia

Venda de adubo deve desacelerar, mas ainda ruma para recorde

Indústria aponta venda de 32 milhões de toneladas, superando o recorde de 31 milhões de toneladas de 2013


	Homem passa por galpão com sacos de fertilizante
 (Andrey Rudakov/Bloomberg)

Homem passa por galpão com sacos de fertilizante (Andrey Rudakov/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 26 de agosto de 2014 às 17h42.

São Paulo - As vendas de fertilizantes no Brasil devem ter uma desaceleração neste segundo semestre, em relação ao forte ritmo visto nos primeiros meses deste ano, mas o setor ainda espera encerrar o ano com vendas recordes, disseram nesta terça-feira representantes da indústria.

"É muito provável que, daqui até o final do ano, não vamos observar um crescimento como visto anteriormente... Hoje está havendo uma deterioração da relação de troca e isso é preocupante", disse o presidente do Conselho de Administração da associação da indústria (Anda), George Wagner Bonifácio e Sousa, em conferência de imprensa.

A Anda não divulga estimativas para consumo de fertilizantes no ano, mas citando consultorias especializadas a indústria aponta venda de 32 milhões de toneladas, superando o recorde de 31 milhões de toneladas de 2013.

As vendas de fertilizantes no acumulado janeiro a julho mantiveram forte alta, avançando 7 por cento ante um ano atrás, para 16,24 milhões de toneladas, em meio à antecipação de compras graças a uma relação de troca mais favorável ao produtor na primeira metade do ano.

Os produtores do Brasil, embora tenham antecipado suas compras no primeiro semestre, ainda têm de fazer boa parte dos negócios visando o plantio da safra de verão de grãos, a partir de setembro.

Agora os preços de soja e milho operam com uma tendência de baixa, pela perspectiva de safras de grãos recordes nos Estados Unidos e no Brasil. Ao mesmo tempo, os preços dos fertilizantes vivem, atualmente, uma pressão de alta.

O presidente do Conselho da Anda observou que o cenário de oferta no mercado internacional implica em elevação nos preços de fertilizantes nitrogenados e pressão de alta nos produtos à base de potássio.

Dependência

O diretor-executivo da Ama-Brasil, que reúne as misturadoras de fertilizantes, Carlos Eduardo Florence, acrescentou que a curva de preços internacionais de commodities aponta para uma baixa, enquanto a de fertilizantes --que são subsidiados em países como Índia e China-- indicam alta.

Ele considera que as vendas para adubar o milho segunda safra, cujas entregas começam entre novembro e dezembro, poderão ser mais comprometidas.

O Brasil é o quarto maior consumidor global de fertilizantes --compostos pelos nutrientes NPK (nitrogênio, fósforo e potássio), mas com uma fatia que corresponde a apenas 6 por cento. China, Índia e Estados Unidos respondem juntos por mais de 60 por cento das vendas totais.

O diretor-executivo da Anda, David Roquetti Filho, observou que o país importou 77 por cento de sua demanda total por fertilizantes em 2013, e depende de investimentos para reduzir esta dependência.

Mas os dados atuais indicam que o setor vive uma situação mais complicada. As importações do setor no acumulado até julho saltaram quase 13 por cento ante um ano atrás, para 13,24 milhões de toneladas.

Já a produção interna, no mesmo período, recuou 10 por cento, para 4,89 milhões de toneladas.

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