Alexis Tsipras se prepara para realizar nesta quinta-feira uma remodelação de seu governo após o duro golpe sofrido na madrugada durante a votação parlamentar (Angelos Tzortzinis/AFP)
Da Redação
Publicado em 16 de julho de 2015 às 06h43.
Atenas - O primeiro ministro da Grécia e líder do Syriza, Alexis Tsipras, se prepara para realizar nesta quinta-feira uma remodelação de seu governo após o duro golpe sofrido na madrugada durante a votação parlamentar do pacote de reformas estipulado pelos países da zona do euro.
"O resultado da votação mostra uma grave divisão na unidade do grupo parlamentar Syriza", reconheceu hoje o porta-voz do governo, Gavriil Sakellaridis, pouco depois de 32 dos 149 deputados do partido terem se posicionado contra o pacote de medidas.
Apesar de o parlamento ter dado o primeiro importante passo para um acordo com os sócios europeus para obter o terceiro resgate financeiro, o grupo de deputados decidiu "não respaldar o governo de esquerda e votou contra o esforço para evitar a quebra", disse Sakellaridis em declarações aos jornalistas.
"A prioridade mais imediata do primeiro-ministro do governo é fechar um acordo", acrescentou o porta-voz, em referência direta sobre a votação que ainda será feita na próxima quarta-feira sobre o segundo pacote de reformas, que poderia travar as negociações para o terceiro programa de auxílio.
A votação que deveria ter terminado até à meia-noite de ontem, conforme o acordo assinado na segunda-feira em Bruxelas, só foi ocorrer às 2h locais (20h de quarta-feira em Brasília).
Do total, votaram a favor da medida 229 deputados. Outros 64 foram contrários ao terceiro resgate e houve também seis abstenções.
Entre os que rejeitaram a proposta europeia estava o ex-ministro das Finanças, Yanis Varoukafis, o ministro da Energia, Panayotis Lafazanis, e outros três ministros-adjuntos. Lafazanis alegou que não votou contra o governo do qual faz parte, mas sim contra o programa imposto pelos sócios.
"Não votamos contra o governo, pelo contrário, apoiamos o primeiro-ministro", disse Lafazanis, porta-voz da denominada Plataforma de Esquerda, ala mais esquerdista do Syriza.
Após insistir que não tinha intenção de renunciar após a votação, o ministro de Energia cedeu e afirmou durante a madrugada que estava disposto a deixar o cargo se isso fosse exigido por Tsipras.
A expectativa é que hoje mesmo o primeiro-ministro faça uma ampla reformulação do governo. De acordo com a imprensa local, as mudanças não só se limitariam substituir ministros e vice-ministros que votaram contra o novo pacote.
O jornal esquerdista "Efimerida ton Syntakton" afirma que se o cenário da votação de hoje se repetir na próxima semana, o que parece provável dada a profunda divisão interna do Syriza, Tsipras poderia optar por renunciar, já que estarão completados os requisitos para abrir negociações sobre um acordo final com os demais países da zona do euro.