Economia

Taxa de informalidade aumenta e é a maior desde 2016

Nos dados selecionados, 19 estados brasileiros e o Distrito Federal registraram recorde na quantidade de trabalhadores sem carteira assinada

Trabalho informal: recorde em 20 territórios brasileiros (taniadimas/pixaby/Reprodução)

Trabalho informal: recorde em 20 territórios brasileiros (taniadimas/pixaby/Reprodução)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 15 de fevereiro de 2020 às 09h32.

Última atualização em 15 de fevereiro de 2020 às 09h33.

São Paulo – A estudante universitária Dennyse Sousa, 24, mora em Belém (PA) e trabalha desde os 16 anos. Nunca teve a carteira assinada. Ela estagiou, foi babá, atendente em uma gráfica e freelancer em eventos como demonstradora de produtos em supermercados. Há três anos, vende brincos e acessórios artesanais. "Como não conseguia um emprego fixo, com carteira assinada, eu tive que tentar várias maneiras de conseguir alguma renda. Queria aliviar as despesas da família", diz.

A história de Dennyse ilustra a informação divulgada ontem pelo IBGE de que a melhora na qualidade do emprego gerado no País ainda está concentrada em poucos locais, especialmente em São Paulo, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).

No ano de 2019, a taxa de informalidade alcançou recorde em 19 Estados, além do Distrito Federal. Na média do Brasil, a taxa de informalidade foi de 41,1%, o equivalente a 38,4 milhões de pessoas entre os trabalhadores ocupados. Mas esse porcentual subia a 62,4% no Pará, onde reside Dennyse. No Maranhão, 60,5% dos trabalhadores ocupados eram informais. No Estado de São Paulo, a taxa de informalidade média foi de 32,0% no ano passado também o nível mais elevado da série iniciada em 2016.

"O ano de 2019 é importante, porque é o terceiro ano seguido com aumento na ocupação. Mas outros indicadores mostram que a qualidade desse trabalho que está sendo gerado ainda carece de uma melhora", ponderou Adriana Beringuy, analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.

Na passagem do terceiro trimestre de 2019 para o quarto trimestre do ano, a taxa de desemprego teve um recuo estatisticamente significativo – ou seja, superou a margem de erro – em apenas nove das 27 Unidades da Federação. Em São Paulo a taxa de desemprego desceu de 12,0% para 11,5%, movimento semelhante ao da média nacional, que saiu de 11,8% para 11,0% no período.

Foram abertas 593 mil vagas com carteira assinada no setor privado em todo o País no último trimestre do ano passado, sendo mais da metade delas em São Paulo, que gerou 324 mil postos formais a mais no período. Em todo o Brasil, apenas quatro Estados tiveram avanço significativo na carteira assinada no último trimestre do ano: São Paulo, Rondônia, Paraíba e Sergipe.

O Estado de São Paulo abriu 473 mil vagas formais no setor privado no período de um ano. "A gente não vê nenhuma atividade se destacando. Tudo indica que foi uma soma de pequenas reações setoriais. Não foi a indústria que reagiu em São Paulo e começou a contratar com carteira na região. Não parece ser isso", disse Adriana.

No quarto trimestre de 2019, o País ainda tinha 11,632 milhões de desempregados, sendo 2,910 milhões deles em busca de emprego há pelo menos dois anos.

E entre esses desempregados está Dennyse, a estudante do início deste texto, que segue vendendo brincos por ,meio das redes sociais e em eventos. Sem emprego formal são essas vendas que ajudam com as despesas da faculdade, tarifa de transporte público, produtos de higiene, entre outras. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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