S&P Global Ratings melhora perspectiva de nota do Brasil
As análises levaram em conta a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), apesar do déficit fiscal
Redação Exame
Publicado em 14 de junho de 2023 às 17h22.
Última atualização em 14 de junho de 2023 às 18h21.
A agência de risco S&P Global Rating melhorou a perspectiva de nota do Brasil em um relatório divulgado nesta quarta-feira, 14. "Revisamos nossa perspectiva para o Brasil de estável para positiva e reafirmamos nossos ratings de crédito soberano BB-/B [nota que o Brasil tem desde 2020]", diz o grupo.
De acordo com o documento, as análises levaram em conta as perspectivas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), apesar do déficit fiscal. "Nossa visão positiva baseia-se na perspectiva de que as medidas contínuas para enfrentar a rigidez econômica e fiscal podem reforçar nossa visão do quadro institucional do Brasil", afirma a S&P.
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Na semana passada, o crescimento de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no primeiro trimestre de 2023 ante o quarto trimestre do ano passado surpreendeu o mercado. Com o resultado,o país ficou em 4º lugar em termos de avanço da atividade em um ranking de 49 economias compilado pela Austin Rating.
Segundo a empresa, o crescimento continuado da economia, mais o arcabouço fiscal que se desenha, podem levar a um endividamento menor que o esperado do governo, o que poderia apoiar a flexibilidade monetária e sustentar a posição externa líquida do país.
A S&P ainda avaliou que o cenário positivo em relação ao Brasil também levou em conta a estabilidade democrática do país. "Esses desenvolvimentos reforçariam nossa visão da resiliência da estrutura institucional do Brasil, com formulação de políticas estáveis baseadas em amplos freios e contrapesos entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário", afirma.
A agência diz, porém, que poderia revisar a perspectiva a estável, dentro de dois anos, se houver um arcabouço político inadequado ou implementação fraca, que resulte em crescimento econômico limitado, levando a mais deterioração fiscal e a um endividamento maior que o previsto.
Agro, o carro-chefe do PIB
O resultado de crescimento do PIB veio a reboque da safra recorde esperada para este ano. "A surpresa veio basicamente do crescimento maior da agropecuária em 21,6% no trimestre, puxado pela safra recorde", diz Rafaela Vitória, economista-chefe do banco Inter.
Opinião corroborada por Luís Otavio Leal, economista-chefe da G5 Partners. Nas suas contas, o agro foi responsável por 1,7 p.p. do crescimento desta base de comparação. "Esse resultado foi reflexo da safra 22/23 que cresceu 15% com relação a de 21/22 e da sazonalidade que faz com que a produção de soja e parte da de milho seja colhida no 1º trimestre.
Nessa esteira, veio também o setor de transportes, um crescimento de 1,2%, cujo resultado em boa medida veio ligado ao do agro. "Transportes, por exemplo, refletiu muito a parte de safra, por isso não surpreendeu", diz Sinigaglia, da Garde.
Para Sinigaglia, o setor foi beneficiado por condições favoráveis no clima e nos preços de commodities em patamar elevado — além do recuo nos preços de fertilizantes após alta generalizada no ano passado.
"Isso impulsionou a safra do primeiro trimestre, que é – de fato – a mais relevante do ano [ soja ]. Adiante, as condições permanecem favoráveis, tanto para o milho [ safrinha ] quanto para o açúcar. Logo, dinamismo do PIB no ano será impulsionado pelo PIB agro", afirma.
No entanto, para o ano que vem, o economista avalia que o agro não terá as mesmas condições favoráveis, e não deve contribuir para o crescimento do PIB como neste ano.
(Com Estadão Conteúdo)