Economia

Sem CPMF, precisaremos de reforma da Previdência, diz Levy

Ministro defendeu a manutenção dos vetos presidenciais pelo Congresso na próxima semana


	"Então ele (Temer) está dizendo que vai aprovar a reforma da Previdência, pois precisamos de reequilíbrio fiscal", disse Joaquim Levy
 (Simon Dawson/Bloomberg)

"Então ele (Temer) está dizendo que vai aprovar a reforma da Previdência, pois precisamos de reequilíbrio fiscal", disse Joaquim Levy (Simon Dawson/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 25 de setembro de 2015 às 19h56.

São Paulo - O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, defendeu a manutenção dos vetos presidenciais pelo Congresso na próxima semana, quando devem ser apreciados seis remanescentes que não foram votados nesta semana.

Os parlamentares mantiveram 26 dos 32 vetos na sessão de quarta-feira, 23. Faltam alguns projetos importantes, que constituem as chamadas pautas-bomba, ou seja, que aumentam os gastos do governo. Um deles é o reajuste de 59,5% para os servidores do Judiciário.

"Foi um avanço muito importante a votação esta semana para se manter os vetos. Cada veto mantido é um imposto que não se precisa pagar. Agora o mais importante é manter os vetos na votação da próxima semana", comentou Levy rapidamente ao sair de um encontro com empresários do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV), em um hotel de São Paulo.

A reunião não estava prevista na agenda do ministro.

Questionado se haveria uma alternativa para a CPMF, já que mais cedo, no mesmo encontro, o vice-presidente Michel Temer disse que seria difícil o projeto passar pelo Congresso, Levy comentou que é preciso "ver o sentimento do Congresso em relação a (aumentos de) impostos".

Ao chegar, Levy já havia dito que sem este imposto seria preciso uma reforma da Previdência. "Então ele (Temer) está dizendo que vai aprovar a reforma da Previdência, pois precisamos de reequilíbrio fiscal."

Crise

Na reunião, mais cedo, Temer negou a existência de uma crise institucional que pudesse culminar com a saída da presidente Dilma Rousseff do poder.

Segundo fontes que participaram do encontro, Temer foi questionado sobre a possibilidade de impeachment pela presidente do IDV e do Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano.

Ele minimizou esse risco, afirmando que para isso precisaria haver uma crise institucional, o que não existe, e falou sobre a diferença entre Estado, governo e governabilidade.

Temer também teria mostrado esperança em uma recuperação da economia, afirmando que em 2016 os "céus podem estar mais azuis".

O presidente em exercício elogiou o pacote fiscal apresentado recentemente pelo governo, mas disse que a CPMF seria muito difícil de aprovar.

De acordo com participantes do encontro, Temer não deu sua opinião pessoal sobre o imposto, mas no programa de TV do PMDB exibido nesta quinta-feira, 24, o partido diz que o Brasil não aguenta mais aumento de carga tributária.

Empresários

O conselheiro do IDV e presidente das Lojas Renner, José Galló, afirmou, após o encontro, que os varejistas estão dispostos a contribuir para o bem do Brasil.

Segundo ele, os empresários se dispuseram a pressionar as lideranças políticas em Brasília pela aprovação de medidas que ajudem a dar um direcionamento para que o País saia da crise, no que foram encorajados por Temer.

"Foi uma conversa sobre os desafios do varejo, da economia, mas principalmente sobre o que nós empresários podemos fazer, sermos mais protagonistas, para auxiliar o Brasil a sair dessa crise", comentou Galló. "A crise política é responsável por 60%, 70% da crise econômica. Essa situação política gera insegurança e falta de confiança no empresariado. Não tem como sair dessa se não nos unirmos e tomarmos medidas para destravar a economia", acrescentou.

Segundo ele, o grupo de empresários agora pretende se organizar e elaborar uma lista de três, quatro medidas que podem ser tomadas mais rapidamente para dar uma visão aos agentes econômicos de que as coisas estão mudando. "A economia passa por um momento bastante sério e não podemos descuidar, não podemos nos omitir". Ele não explicou quais seriam essas medidas, mas disse que não é possível aceitar que a economia só volte a crescer em 2017, 2018.

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