- Últimas notícias
- Revista EXAME
- YPO - Líderes Extraordinários
- Exame IN
- Brasil
- Clima
- PME & Negócios
- Exame CEO
- ExameLab
- Bússola
- Casual
- Inteligência Artificial
- Ciência
- Economia
- Colunistas
- Esfera Brasil
- Exame Agro
- Inovação
- Marketing
- Melhores e Maiores
- Mundo
- Mercado Imobiliário
- Net Zero
- POP
- Esporte
- Seguros
- Tecnologia
- Vídeos
- Expediente
Selic pode perder eficácia no controle de preços com dívida alta
O tema é árido e pouco conhecido fora das rodas de debate econômico, mas tem repercussão direta no bolso dos brasileiros
Modo escuro
BC: é como se a instituição estivesse numa encruzilhada. Se eleva os juros para conter reços, eleva endividamento. Se não faz nada, a inflação pode ganhar força. (Ueslei Marcelino/Reuters)
Publicado em 18 de novembro de 2020 às, 09h36.
O aumento substancial da dívida pública, a manutenção dos juros no seu piso histórico de 2% ao ano, mesmo com inflação em aceleração, e a desconfiança cada vez maior de que o País está à beira de um "populismo fiscal" realimentaram o debate sobre o risco de dominância fiscal no Brasil.
O tema é árido e pouco conhecido fora das rodas de debate econômico, mas tem repercussão direta no bolso dos brasileiros. Numa situação de dominância, as ferramentas que o Banco Central tem para controlar o avanço dos preços, entre elas a Selic, perdem potência, e seu uso pode até mesmo provocar o efeito inverso de impulsionar a inflação, dado o impacto que teriam no aumento do custo do endividamento da União.
Para abordar as saídas da crise fiscal provocada pela alta do endividamento do País, o Estadão começa a partir de amanhã uma série de entrevistas com especialistas. A primeira delas será com o ex-presidente do BC Affonso Celso Pastore.
Na dominância fiscal, é como se o BC estivesse numa encruzilhada. Se eleva os juros para conter a alta de preços, traz problema ao Tesouro Nacional, elevando ainda mais o endividamento e, no limite, abrindo a porta para mais inflação. Se não faz nada, a inflação pode ganhar força de qualquer maneira.
O diagnóstico atual é que o Brasil ainda não vive essa situação, considerada o pior dos mundos pelos economistas, uma vez que a aceleração da inflação força um ajuste fiscal pelo lado mais perverso: corroendo o poder de compra de famílias, sobretudo de menor renda. Mas os economistas alertam que é preciso agir com firmeza para mostrar compromisso com o ajuste nas contas públicas e fugir desse caminho.
A fotografia das finanças e do cenário político trouxe à tona a preocupação com a dominância, que já foi tema de debate na transição entre os governos FHC e Lula e em 2015/2016, no auge da crise durante o governo Dilma Rousseff. Tanto em 2002 quanto em 2016, as incertezas se dissiparam após sinalizações de compromisso com medidas de ajuste.
A perspectiva hoje é de que a dívida bruta do governo termine o ano em 96% do PIB e passe dos 100% em 2025, segundo o Tesouro, sendo que dois terços têm custo diretamente atrelado à Selic, a taxa básica de juros. O BC, por sua vez, tem sido cada vez mais cobrado a alterar sua prescrição futura para os juros, indicando possível aumento da Selic, diante da aceleração dos preços de matérias-primas e insumos para a indústria.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, tem reforçado em seus discursos a necessidade de ter "disciplina fiscal". "É responsabilidade de todos entender que temos agora um problema", disse ontem em entrevista à GloboNews.
O economista Carlos Kawall, diretor do Asa Bank e ex-secretário do Tesouro Nacional, explica que, numa situação de dominância, a própria alta da taxa de juros se torna contraproducente porque eleva ainda mais a dívida e amplia a desconfiança em relação ao problema fiscal. "Aí, a única solução é deixar a taxa de juros mais baixa, de tal forma que a inflação ao final se torne a maneira de ajustar as contas públicas."
Já o economista José Júlio Senna, chefe do Centro de Estudos Monetários do Ibre/FGV e ex-diretor do Banco Central, alerta que só manter o teto não resolve. "Não adianta atacar um ou dois elementos da despesa, tem de ser 'arrasa quarteirão'. Frear as quatro rodas."
O economista Fabio Terra, professor da Universidade Federal do ABC e diretor da Associação Keynesiana Brasileira (AKB), entende que a dominância fiscal seria uma "hipótese exagerada". "Hoje nem sequer temos dinâmica inflacionária para se falar de dominância fiscal ocorrendo", avalia.
Para o economista Roberto Ellery, professor da Universidade de Brasília, há risco de o Brasil chegar a uma situação de dominância fiscal. "A dívida está subindo muito, e não está claro como vai ser o próximo ano. As pessoas podem começar a achar que a dívida pode sair de controle, e isso abre a porta para a dominância fiscal."
Últimas Notícias
Branded contents
Conteúdos de marca produzidos pelo time de EXAME Solutions
“A geração de energia caminha lado a lado com o desenvolvimento econômico”, diz Paulo Câmara
Desktop investe no interior e alcança 1 milhão de clientes de internet banda larga em São Paulo
CPFL fortalece sua estratégia ESG com compromissos ambiciosos para 2030
Uso de dados será principal desafio na gestão de pessoas em 2024
Acompanhe as últimas notícias e atualizações, aqui na Exame.