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Quem vai lucrar com a ascensão da Índia urbana

Urbanização em massa e crescimento econômico vão criar uma nova massa disposta a gastar em coisas como comida embalada e higiene pessoal

11. Índia: 2.082 (Kuni Takahashi/Bloomberg)

João Pedro Caleiro

Publicado em 12 de junho de 2016 às 08h00.

São Paulo - A Índia é a bola da vez.

Sseu crescimento já supera o da China e as apostas são de que ela escale várias posições no ranking das maiores economias globais.

A Índia tem a maior população rural e o maior setor informal entre as grandes economias  assim como ocorreu na China, deve ser cada vez mais impulsionada pela urbanização.

A perspectiva é que a nova "massa urbana" aumente sua renda agregada dos US$ 366 bilhões atuais para US$ 799 bilhões em 2020.

A projeção da consultoria Euromonitor é que o número de domicílios de classe média na Índia passe dos atuais 74 milhões para 90 milhões em 2030.

Recentemente, um relatório do banco americano Goldman Sachs investigou quem vai sair ganhando com esse processo.

Comidas embaladas e higiene pessoal, por exemplo, devem virar destaque na medida que as pessoas passam a gastar no que vai além das suas necessidades mais básicas.

A previsão é que o agregado de lucros no setor de comidas embaladas pule dos US$ 3,9 bilhões atuais para US$ 6,8 bilhões já em 2019, e que biscoitos passem de uma penetração nacional de 70% para 90%.

Empresas já estabelecidas precisam ficar de olho para não serem surpreendidas por novos atores do mercado, o que o banco tem visto acontecer com a chegada de "produtos naturais", por exemplo.

Outros setores que devem crescer rapidamente são o de acessórios, vestuário, restaurantes e lazer. O Brasil também tem a ganhar:

“Praticamente toda a renda incremental obtida pelos indianos deve ir para ingerir mais calorias (o que significa demanda por nossos alimentos) ou criar mais infraestrutura (demanda por nosso minério de ferro)”, disse Marcos Troyjo, co-diretor do BRICLab da Universidade de Columbia em Nova York, no ano passado.

São Paulo - Prever onde a classe média vai florescer em seguida é uma tarefa difícil, mas importante tanto para formuladores de política pública quanto para empresas. E foi isso que a consultoria Euromonitor fez, identificando os países com maior potencial nos próximos 15 anos baseado no crescimento do número de domicílios de classe média e no aumento da renda disponível. O Brasil ficou de fora do quinteto que conta com 4 representantes asiáticos e um africano (a Nigéria), todos com populações grandes e forte potencial de crescimento. De acordo com um relatório recente do Boston Consulting Group, a região Ásia-Pacífico (excluindo Japão) já ultrapassou a Europa e deve superar a América do Norte como região mais rica do mundo até 2019. Veja a seguir quais são os 5 países emergentes com maior potencial de classe média até 2030 de acordo com o relatório da Euromonitor assinado pela analista An Hodgson:
  • 2. China

    2 /7(Tomohiro Ohsumi/Bloomberg/Bloomberg)

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    Com toda a conversa sobre desaceleração do crescimento e instabilidade dos mercados, é fácil esquecer que a China passou pelo maior processo de urbanização e inclusão da história da humanidade e se tornou um ator central na economia global. O desafio atual é justamente fazer a transição de uma economia baseada em investimento para uma mais focada em serviços e consumo, o que deve significar mais dinheiro no bolso dos chineses - que já formam a maior classe média do mundo. A Euromonitor estima que no período entre 2015 e 2030, a renda mediana disponível cresça 89% em termos reais e alcance US$ 19.709 anuais por domicílio.
  • 3. Índia

    3 /7(Namas Bhojani/Bloomberg News)

  • A projeção da Euromonitor é que o número de domicílios de classe média na Índia passe dos atuais 74 milhões para 90 milhões em 2030. Ainda assim, será menos do que a China tem hoje com população parecida - ou seja, o que não falta é espaço para crescer. A Economist Intelligence Unit prevê que até 2050, a Índia terá crescimento médio de 5% ao ano e será catapultada do 10º para o 3º lugar entre as maiores economias do mundo. E o Brasil pode sair ganhando com isso:  “Praticamente toda a renda incremental obtida pelos indianos deve ir para ingerir mais calorias (o que significa demanda por nossos alimentos) ou criar mais infraestrutura (demanda por nosso minério de ferro)”, diz Marcos Troyjo, co-diretor do BRICLab da Universidade de Columbia em Nova York.
  • 4. Indonésia

    4 /7(Getty Images)

    Em 2050, o PIB da Indonésia será maior que o do Brasil e do Japão, segundo a Economist Intelligence Unit, e o país será alçado da 16ª para a 4ª posição entre as maiores economias do mundo. A Indonésia já tem a 4ª maior classe média do mundo (17,3 milhões de domicílios), depois de Estados Unidos (25,3 milhões), Índia (74 milhões) e China (112 milhões).  A previsão da Euromonitor é que 20 milhões de novos domicílios indonésios se juntem a este grupo até 2030 e que sua renda mediana anual pule dos atuais US$ 6.300 para US$ 11.300.
  • 5. Nigéria

    5 /7(George Osodi/Bloomberg)

    A Nigéria só costuma ganhar destaque da mídia por causa do terrorismo, então é fácil de esquecer que o país já tem a maior economia, população e mercado consumidor de todo o continente africano. A Euromonitor espera que entre 2015 e 2030, o número de domicílios de classe média passe de 10 milhões para 15 milhões, o segundo crescimento mais rápido do mundo, atrás só da Guatemala. "A classe média da Nigéria vai aumentar seu gasto principalmente em comunicação, o que reflete a cena vibrante de telecom no país", diz a consultoria.
  • 6. Filipinas

    6 /7(Veejay Villafranca / Stringer)

    Crescimento econômico estável e uma melhor distribuição de renda colocam na lista as Filipinas , país asiático de história turbulenta com quase 100 milhões de habitantes. A previsão da Euromonitor é que entre 2015 e 2030, o número de domícilios de classe média cresça 41% e que a renda mediana disponível cresça 70% -  dos US$ 6.710 atuais para US$ 11.429. As prioridades de gasto dessa renda adicional pelos filipinos devem ser lazer e recreação, serviços médicos e mais educação.
  • 7 /7(Reuters)

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