Economia

Quando vale a pena (ou não) roubar um banco, segundo economistas

A Itália tem mais roubos a banco do que todos os outros países europeus combinados, um prato cheio para entender o que motiva os ladrões

Luva de ladrão e gaveta de banco com dinheiro (TAGSTOCK1/Thinkstock)

Luva de ladrão e gaveta de banco com dinheiro (TAGSTOCK1/Thinkstock)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 17 de junho de 2017 às 08h00.

Última atualização em 17 de junho de 2017 às 08h00.

São Paulo - Um dos principais conceitos do mundo econômico é o trade-off, ou "perde e ganha", quando uma coisa só pode ser alcançada em detrimento de outra.

Pense em um roubo a banco. Cada minuto que o ladrão passa dentro da agência aumenta ao mesmo tempo a chance dele ser pego e o montante de dinheiro que ele pode levar.

O dilema serviu de ponto de partida para um estudo recente dos economistas Giovanni Mastrobuoni, da Universidade de Essex, e David A. Rivers, da Universidade de West Ontario.

Eles criaram uma fórmula matemática que engloba vários fatores envolvidos na decisão e no ato de roubar, incluindo a possibilidade de ser preso.

Para fazer os cálculos, a dupla utilizou dados de quase 5 mil roubos a bancos registrados entre 2005 e 2007 na Itália, onde o problema é crônico.

O país tem mais roubos a banco do que todos os outros países europeus combinados, o que significa que a todo ano cada agência italiana tem uma chance de 10% de ser roubada.

Os dados são robustos porque a Associação Bancária Italiana registra a duração exata de cada roubo, quanto dinheiro foi levado e se alguém acabou sendo preso - imediatamente ou depois de algum tempo.

Em média, um roubo a banco na Itália dura 4,27 minutos e gera 16 mil euros. Só 15% envolvem armas de fogo, sendo 70% com facas ou outras armas improvisadas. 40% dos ladrões usam algum tipo de disfarce.

O uso de armas e/ou de disfarce está entre os fatores que elevam o roubo de uma categoria "simples" (pena entre 3 e 10 anos) para "grave" (pena entre 4,5 anos e 20 anos).

De forma geral, as taxas mais baixas de prisão acabam sendo para "aqueles que trabalham em grupos, usam máscaras, escolhem como alvo bancos perto da hora de fechar, sem guardas de segurança e com poucos empregados", concluem os pesquisadores.

Além disso, a análise também mostrou uma variação grande na habilidade dos ladrões, o que mexe com outro conceito econômico: custo de oportunidade.

Um ladrão muito eficiente tem mais a perder ao passar mais tempo preso, já que fica impedido por mais tempo de exercer o seu "talento".

Por isso, o que o estudo indica é um tratamento diferente de acordo com o perfil do ladrão. Para aqueles menos habilidosos, uma vida no crime compensa menos e a pena pode ser mais branda, com foco em programas de reabilitação que indiquem alternativas de trabalho.

Para os ladrões que se destacam, é importante que as penas sejam mais duras para compensar o fato de que para eles, o crime é realmente uma carreira mais promissora.

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