Economia

PIB pode ser negativo no 3º trimestre

Segundo economista, a chance saltou de 10% para 80%


	Comércio em mercado de São Paulo: segundo analistas, uma possível contração refletirá da queda nos índices de confiança de consumidores e empresários
 (Paulo Whitaker/Reuters)

Comércio em mercado de São Paulo: segundo analistas, uma possível contração refletirá da queda nos índices de confiança de consumidores e empresários (Paulo Whitaker/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2013 às 18h27.

São Paulo - É grande o risco de um Produto Interno Bruto (PIB) negativo no 3.º trimestre. Segundo analistas, uma possível contração da economia entre julho e setembro será reflexo da queda nos índices de confiança de consumidores e empresários, desempenho pior da indústria em razão de níveis mais elevados dos estoques e do impacto da recente alta na taxa de juros.

Nos cálculos de Sergio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados, o PIB do 2.º trimestre deve ter uma expansão de 1,1% sobre o trimestre anterior, mas no 3.º trimestre deverá recuar 0,2%. "A probabilidade (de PIB negativo no terceiro trimestre) antes de junho, com dólar e manifestações, era de 10%. Saltou agora para 80%. O maior impacto negativo é nas expectativas, especialmente para consumo das famílias e investimento."

Indagado sobre quais os fatores que podem pressionar o PIB para baixo, Vale disse que "especialmente o consumo e o investimento", do lado da demanda. Já do lado da oferta, ele disse que a indústria deve reverter os bons ganhos no 2.º trimestre. "O (setor) de serviços deve continuar a tendência de crescimento muito lento. Assim, diria que, novamente, quem vai travar no 3.º trimestre será a indústria, especialmente porque tivemos um 2.º trimestre bastante forte na produção industrial."

Já o economista-chefe da MCM Consultores, Fernando Genta, acredita que a probabilidade de um PIB negativo no terceiro trimestre é "razoável", por volta de 40%. "Dentre os fatores, podemos mencionar o início ruim da indústria, o tombo de todos os indicadores de confiança e os impactos iniciais do aperto da política monetária." Ele estima que a economia brasileira vai crescer 1% no 2.º trimestre ante o período anterior, mas para o 3.º trimestre sua estimativa é de crescimento zero sobre o 2.º trimestre.


Em relatório enviado a clientes na sexta-feira, 9, os economistas do Itaú Unibanco revisaram para baixo as estimativas de crescimento em 2013 e 2014 para, respectivamente, 2,1% e 1,7%. Um das razões é o desempenho esperado para o crescimento no 3.º trimestre. "A expectativa de um crescimento mais baixo no 3.º trimestre deste ano (de 0,5% para zero) reduziu em 0,3 ponto porcentual o efeito estatístico que estimamos que o PIB deste ano deixará para o PIB de 2014. Além disso, estimamos que o crescimento mais baixo no 2.º semestre elevará a taxa de desemprego, desacelerando o ritmo de aumento da massa salarial real e do consumo", diz o relatório do Itaú Unibanco. Para o 2.º trimestre, o banco estima expansão de 1%.

E qual o impacto de um PIB negativo no 3.º trimestre? "Poderia agravar a confiança dos investidores, em especial os investidores internacionais", respondeu Genta. "Isso consolidaria a percepção cada vez maior de baixo PIB potencial ao redor de 2%, podendo prejudicar inclusive o programa de concessões do governo federal."

Na opinião de Sergio Vale, o impacto é relevante, embora não altere a sua projeção de crescimento de 2,1% no ano. Para isso acontecer, ressaltou ele, o 4.º trimestre terá de fechar com 0,5% sobre o trimestre anterior. "Aliás, esses números baixos, se arrastando próximo de zero, parecem cada vez mais prováveis ao longo dos próximos trimestres. 2014 deve ser ainda pior, dada a convicção do governo de que está tudo bem."

A perspectiva pior para o crescimento da economia não será sem custo para as contas fiscais, segundo os economistas do Itaú Unibanco: "Dada a nossa revisão para baixo no crescimento econômico projetado para 2013 e 2014, reduzimos nossa estimativa para a arrecadação tributária em R$ 4 bilhões (0,1% do PIB) para 2013, e em R$ 11 bilhões (0,2% do PIB) para 2014", afirma o relatório. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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