PIB do Brasil fecha 2023 com alta de 2,9%; economia fica estável no 4º trimestre
O resultado ficou em linha com as estimativas do mercado financeiro, que esperava uma variação entre 0% e 0,1%
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 1 de março de 2024 às 09h02.
Última atualização em 1 de março de 2024 às 10h58.
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 2,9% no acumulado de 2023, totalizando R$ 10,9 trilhões. Os dados são do Sistema de Contas Nacionais Trimestrais, divulgado nesta sexta-feira, 1, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ( IBGE ). Em 2022, a economia brasileira cresceu 3%.
No quatro trimestre do ano passado,na comparação com os três meses imediatamente anteriores, a economia brasileira apresentou estabilidade.O resultado ficou em linha com a expectativa do mercado financeiro, que esperava uma leve alta de 0,1%.
O crescimento da economia brasileira foi mais alto do esperado pelo mercado no início do ano, que apontava um PIB anual de apenas 1%. Durante 2023,o PIB foi impulsionado principalmente pelo resultado do agronegócio.
Como mostrou a EXAME , a atividade no ano de 2023 foi bastante desigual, concentrada no primeiro trimestre e com forte queda de investimentos ao longo dos trimestres. Analistas e economistas alertam sobre a deterioração nos indicadores atrelados aos investimentos, que em teoria podem minar a qualidade do crescimento em 2024.
Recordo do agro puxa alta do PIB de 2023
A agropecuária cresceu 15,1% de 2022 para 2023, influenciando o desempenho do PIB do Brasil. Em 2022, o setor apresentou queda de 1,1%.Segundo Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, o resultado teve influência do crescimento da produção e do ganho de produtividade da Agricultura.
"Esse comportamento foi puxado muito pelo crescimento de soja e milho, duas das mais importantes lavouras do Brasil, que tiveram produções recorde registradas pelo Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA)”, afirma.
Avanço da indústria extrativas
A atividadedas Indústrias Extrativas teve alta de 8,7% devido ao aumento da extração de petróleo e gás natural e de minério de ferro. Destaque também para Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos, com alta de 6,5%.
"Houve condições hídricas favoráveis e a bandeira verde vigorou durante todo o ano de 2023. Além disso, o fenômeno climático ‘El Niño ’ aumentou a temperatura média, impactando o consumo de água e energia”, justifica a pesquisadora. As Indústrias de Transformação (-1,3%) e a Construção (-0,5%) fecharam o ano com queda.
Serviços avança 2,4% no ano, desaceleração em comparação com 2022
O setor de serviços, que representa 70% do PIB, avançou 2,4%, desaceleração em comparação com o resultado de 2022, quando teve alta de 4,3%. Como destaque do segmento, asAtividades financeiras, de seguros e serviços relacionados Intermediação, saltaram 6,6%. “As empresas seguradoras tiveram um ganho comparando os prêmios recebidos em relação aos sinistros pagos”, explica Palis.
Consumo das famílias tem maior influência do PIB na demanda
O consumo das famílias avançou 3,1% em relação a 2022. Segundo o IBGE,o resultado tem influência da melhora das condições do mercado de trabalho, com aumento da ocupação, da massa salarial real, além da queda da inflação.
“Os programas de transferência de renda do governo colaboraram de maneira importante no crescimento do consumo das famílias, especialmente em alimentação e produtos essenciais não duráveis.”, explica Rebeca.
Ainda na demanda,houve queda de 3,0% da Formação Bruta de Capital Fixo, com destaque para a queda de máquinas e equipamentos (-9,4%). Já a Despesa do Consumo do Governo teve crescimento de 1,7% no ano.
As Importações de Bens e Serviços caíram 1,2% em 2023 enquanto as Exportações cresceram 9,1%. A taxa de investimento em 2023 foi de 16,5% do PIB, menor que em 2022. A taxa de poupança, por sua vez, ficou em 15,4% em 2023 (ante 15,8% no ano anterior).
Do total de valor corrente de R$10,9 bilhões do PIB, R$ 9,5 bilhões foram referentes ao Valor Adicionado a preços básicos, enquanto R$ 1,4 bilhão aos Impostos sobre Produtos líquidos de Subsídios.
4º tri tem alta da indústria e queda do agro
No quatro trimestre, aIndústria cresceu 1,3%, enquanto os Serviços tiveram variação de 0,3%. Com importantes safras concentradas no primeiro semestre, a Agropecuária recuou 5,3%.
Nas atividades industriais, destaque para a alta nas Indústrias Extrativas, com alta de 4,7%, na Construção (4,2%) e na atividade Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (2,8%). Já as Indústrias de Transformação apresentaram variação negativa de 0,2%.
Em Serviços, o grupo de Outras atividades de serviços (1,2%), Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (0,7%), Atividades imobiliárias (0,1%) e Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (0,1%) apresentaram taxas positivas. Por outro lado, houve queda em Comércio (-0,8%), Transporte, armazenagem e correio (-0,6%) e Informação e comunicação (-0,1%).
Pela ótica da demanda, houve crescimento da Formação Bruta de Capital Fixo e da Despesa de Consumo do Governo (ambas com 0,9%), enquanto Despesa de Consumo das Famílias (-0,2%) apresentou variação negativa.
No que se refere ao setor externo, as Exportações de Bens e Serviços ficaram praticamente estáveis (0,1%), enquanto as Importações de Bens e Serviços tiveram alta de 0,9% nesta comparação.
Quanto ficou o PIB do Brasil de 2023?
- O PIB do Brasil em 2023 cresceu 2,9%
- No quatro trimestre, o PIB ficou em 0%
O que é o PIB e como ele é calculado?
O PIB (sigla para Produto Interno Bruto ) consiste na soma de todos os bens e serviços que foram produzidos em um território ao longo de um período de tempo. Para o cálculo do PIB, considera-se o resultado na moeda local do país.
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