Economia

Para FGV, câmbio vai elevar expectativa do consumidor com inflação

FGV Ibre divulgou expectativa média para a inflação nos próximos 12 meses apurada em maio, que subiu para 5,3% ante expectativa de 5% em abril

Câmbio: para pesquisador, dificilmente a moeda norte-americana vai voltar para o patamar de R$ 3 (Ricardo Moraes/Reuters)

Câmbio: para pesquisador, dificilmente a moeda norte-americana vai voltar para o patamar de R$ 3 (Ricardo Moraes/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 22 de maio de 2018 às 18h02.

Rio - A desvalorização do real não deve arrefecer nos próximos meses e a percepção da inflação pelo consumidor tende a mudar de patamar, avaliou ao Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado) o pesquisador da área de Economia Aplicada do FGV Ibre Pedro Guilherme Ferreira.

No início do ano, a visão de Ferreira era de que a expectativa média dos brasileiros para a inflação em 2018 ficaria no patamar dos 4%. Com a alta do câmbio, esse patamar subiu para 5% com viés de alta para 6%, avaliou o pesquisador.

"Eu estava achando que íamos acabar o ano na faixa de 4%, mas agora, a desvalorização cambial mudou minha visão. O câmbio vai continuar elevado, com o real desvalorizado", afirmou.

A FGV Ibre divulgou hoje a expectativa média do consumidor para a inflação nos próximos 12 meses apurada em maio, que subiu para 5,3% ante expectativa de 5% em abril. A alta foi maior na percepção de famílias com renda mais baixa (de até R$ 2.100,00), a menor faixa de renda ouvida pela pesquisa, e que, segundo Ferreira são as primeiras a perceber o impacto da alta de preços.

"São dois fatores. Além de mais afetados são os menos informados, portanto qualquer notícia impacta mais, tem menos filtro em relação às notícias", ressaltou, observando que a mídia tem uma grande influência na expectativa do consumidor e faz parte do modelo utilizado para o índice da FGV Ibre.

Ferreira considera maio o mês da virada de tendência da expectativa do consumidor, e avalia que os fatores que levaram a isso foram principalmente a alta do dólar, "antes previsto para fechar o ano e R$ 3,70 e agora em R$ 4"; a guerra comercial dos EUA, que com a redução de impostos aumentou a inflação norte-americana, e consequentemente os juros, "o que leva a liquidez do mercado par lá"; e o aumento dos combustíveis, "que já é reflexo do câmbio e da alta do petróleo", explicou.

Segundo ele, mesmo com a interferência do Banco Central na taxa de câmbio no Brasil, dificilmente a moeda norte-americana vai voltar para o patamar de R$ 3. "Vai ficar em torno de R$ 4", avalia.

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