Economia

Para BC, energia compensa com folga alta da gasolina no IPCA

Estimativa do BC para o efeito desinflacionário dos cortes na tarifa de energia é o praticamente o dobro das feitas por analistas


	Segundo estimativa do BC, o corte nas tarifas de energia corresponderá ao recuo da inflação em 1 ponto percentual neste ano
 (Marcos Santos/usp imagens)

Segundo estimativa do BC, o corte nas tarifas de energia corresponderá ao recuo da inflação em 1 ponto percentual neste ano (Marcos Santos/usp imagens)

DR

Da Redação

Publicado em 22 de janeiro de 2013 às 21h28.

Brasília - Novas projeções do Banco Central mostram uma perspectiva um pouco melhor para a inflação neste ano, afirmou à Reuters uma fonte do governo nesta terça-feira, dando algum fôlego à presidente Dilma Rousseff enquanto se tenta reanimar a economia.

As últimas projeções do BC sugerem que o corte de 20 por cento nas tarifas de energia neste ano deve eliminar 1 ponto percentual da inflação em 2013, afirmou a fonte sob condição de anonimato.

A estimativa da autoridade monetária do efeito desinflacionário dos cortes nas tarifas de energia é quase o dobro das feitas por analistas do setor privado.

"Acho que o que estão tentando fazer aqui é diminuir as expectativas de inflação para tentar ganhar o foco do mercado sobre os cortes das tarifas de energia", afirmou o chefe de pesquisa para América Latina da IDEAGlobal, Enrique Alvarez, em Nova York. "Os preços de alimentos e bebidas continuam sendo, essencialmente, o calcanhar de Aquiles." As previsões são feitas no momento em que o país tenta manter as expectativas de inflação sob controle após os preços avançarem 5,84 por cento em 2012 e oferecem uma nova visão sobre como o governo espera que duas de suas mais importantes iniciativas neste ano --o corte das tarifas de energia e o aumento futuro dos preços da gasolina-- afetem a economia.

A inflação foi apenas um dos fatores que contribuiu para um ano de desapontamento para a economia do país, que deve ter crescido menos de 1 por cento em 2012, apesar das taxas de juros em suas mínimas históricas e de uma série de medidas de estímulos do governo.


Uma projeção mais otimista pode tornar mais fácil para o governo adotar desonerações e outras medidas de estímulo sem temer que a inflação ultrapasse a meta para este ano.

O governo espera que a inflação em base anualizada continue crescendo nos primeiros meses do ano, atingindo um pico de 6 por cento, segundo a fonte. Mas os cortes no preço da energia, uma safra recorde e a decisão recente de adiar um reajuste das tarifas de ônibus devem ajudar o número a cair de forma constante a partir de março, acrescentou.

"Pode haver um período de tensão, mas depois disso as coisas devem melhorar", afirmou a fonte do governo, reforçando declarações feitas à Reuters por membros da equipe econômica na segunda-feira.

O BC não se pronunciou.

Economistas independentes, em média, estimam que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medidor oficial de inflação, termine 2013 em 5,65 por cento, perto do topo da meta do BC, que é de 4,5 por cento, com margem de tolerância de 2 pontos percentuais para mais ou menos.

A instituição também antecipa que a esperada alta nos preços da gasolina levará o IPCA a subir 0,3 ponto percentual em 2013, completou a fonte.


Essa previsão é baseada na autorização do governo para um aumento de cerca de 7 por cento nos preços, embora nenhuma decisão final deva ser anunciada até o começo de fevereiro, acrescentou a fonte.

Oficialmente, o BC não divulgou suas estimativas sobre os efeitos que o aumento dos combustíveis teria na inflação porque o governo ainda não tomou uma decisão a respeito.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralEstatísticasIndicadores econômicosInflaçãoIPCAMercado financeiro

Mais de Economia

Brasil exporta 31 mil toneladas de biscoitos no 1º semestre de 2024

Corte anunciado por Haddad é suficiente para cumprir meta fiscal? Economistas avaliam

Qual é a diferença entre bloqueio e contingenciamento de recursos do Orçamento? Entenda

Haddad anuncia corte de R$ 15 bilhões no Orçamento de 2024 para cumprir arcabouço e meta fiscal

Mais na Exame