Economia

Para analista, autonomia do BC é consenso no alto escalão do governo

Por isso, diz Christopher Garman, da consultoria Tendências, as chances de aprovação da reforma não são baixas. O problema é que o ciclo de aperto monetário iniciado em setembro jogou lenha na fogueira ideológica petista

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h31.

As chances de que a autonomia do Banco Central (BC) seja aprovada no segundo semestre não são baixas. Segundo Christopher Garman, analista político da Tendências Consultoria Integrada, a mudança institucional -- um claro divisor de águas com potencial para repercutir imediatamente nos preços dos ativos -- aparentemente reuniu um consenso mínimo no alto escalão do governo Lula e na cúpula do Partido dos Trabalhadores.

Em setores do PT, porém, o aperto monetário conduzido pelo BC desde setembro vem nutrindo as resistências ideológicas. A hostilidade na agremiação do presidente da República não foi compensada nem mesmo pela expansão da economia no ano passado, de 5,2%, que favoreceu a credibilidade da equipe econômica dentro do governo.

Essa inquietação política ocorre à luz de um calendário que prevê para setembro eleições no PT para renovação de seus cargos de direção. Ou seja, os próximos meses serão dedicados a discussões internas sobre os rumos do governo e especialmente de sua política econômica. "Não é por acaso", diz Garman, "que a cúpula do PT ensaia uma aproximação com as alas mais de esquerda e os movimentos sociais e sindicais". Nessa estratégia, lançar agora a proposta de autonomia do BC pode entregar um discurso de campanha à esquerda partidária nas eleições internas.

Mas o segundo semestre reserva fatores que "conspiram a favor da aprovação" da autonomia do BC, afirma Garman. Positivamente, é possível que ocorra queda das taxas de juros, e o ambiente econômico pode relaxar as resistências políticas. Ao mesmo tempo, o início da contagem regressiva para as eleições presidenciais de 2006 pode injetar nervosismo nos mercados, recomendando novas demonstrações de rejeição formal a interferências políticas na diretoria do BC.

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