ILAN GOLDFAJN, PRESIDENTE DO BANCO CENTRAL: o “complexo de Wiedman” do Banco Central brasileiro é o que está retardando o aparecimento do ciclo de recuperação / Marcelo Camargo/ Agência Brasil
Da Redação
Publicado em 19 de dezembro de 2016 às 21h36.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h44.
Menos de uma semana após o ministério da Fazenda apresentar seu pacote de medidas econômicas, nesta terça-feira será a vez de o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, anunciar uma série de medidas para tentar estimular a economia. Em entrevista publicada na última edição da revista EXAME, Goldfajn disse que o banco não é insensível aos problemas econômicos – em resposta às constantes críticas sobre a demora para reduzir a taxa de juros do país. Nesta terça-feira o mercado espera que ele dê uma prova disso.
As medidas, é verdade, devem ser estruturais e, por isso, não possuem necessariamente o foco no curto prazo, mas sim na melhora do sistema. De qualquer forma, parte delas deve vir para combater as dívidas das empresas e famílias brasileiras – um dos problemas cruciais da economia atual e que também o foco do pacote apresentado pela Fazenda.
Uma das medidas que deve ser anunciada pelo Banco Central é o estímulo à criação de um mercado de crédito secundário como alternativa de financiamento para a construção civil, hoje dependente dos recursos da caderneta de poupança e do FGTS. Para isso, o BC deve regulamentar a Letra Imobiliária Garantida (LIG), que chegou a ser anunciado pela Fazenda na última semana.
Outra medida que deve ser apresentada é a criação de depósitos remunerados das instituições financeiras no Banco Central, como acontece em outros países. Isso reduziria a necessidade de vender títulos do Tesouro e reduziria a dívida bruta do país.
Não está claro ainda se o BC anunciará uma das medidas mais polêmicas que foi antecipada pela Fazenda na última semana: a redução do prazo para que lojistas recebam, das credenciadoras de cartão, os valores referentes às vendas. Ontem, a maior fintech do país, o Nubank, que já emitiu 1 milhão de cartões desde 2014, disse que a medida quebraria a empresa. A visão de economistas é de que essa medida requer um estudo de longo prazo. “As empresas não têm estrutura para isso. Os contratos firmados já vêm com o prazo de 30 dias para o pagamento. Isso é algo que precisaria ser discutido, com negociações no setor, antes de qualquer anúncio”, diz Rafael Gonçalves Cardoso, economista-chefe da Daycoval Investimentos. Com a palavra, Ilan Goldfajn.