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O dólar vai continuar disparando? Veja as previsões do Itaú

"A volatilidade é máxima no mês que antecede o primeiro turno", disse Mário Mesquita, economista-chefe do banco

(John Foxx/Thinkstock)

João Pedro Caleiro

Publicado em 22 de agosto de 2018 às 13h46.

Última atualização em 22 de agosto de 2018 às 14h11.

São Paulo - Nesta quarta-feira (22), o dólar continuou a trajetória de alta dos últimos cinco pregões e atingiu os 4,10 reais.

O movimento acontece após a divulgação de pesquisas, CNT/MDA na segunda-feira e hoje do Datafolha, que mostram o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) e o deputado Jair Bolsonaro (PSL) isolados na liderança da corrida presidencial.

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Geraldo Alckmin (PSDB), considerado o nome mais previsível e amigável ao mercado em termos de agenda econômica liberal e base para governabilidade, está fora do segundo turno no cenário atual.

Em reunião com jornalistas na manhã de hoje, a equipe econômica do Itaú avaliou que o dólar de fato entrou em um momento de turbulência relacionado às eleições, repetindo um padrão histórico.

"A volatilidade é máxima no mês que antecede o primeiro turno", disse Mário Mesquita, economista-chefe do banco.

A cotação das moedas dos países emergentes é fortemente correlacionado no longo prazo ao cenário externo de liquidez e diferencial de juros.

Se a economia americana está relativamente aquecida, como atualmente, o banco central americano tende a aumentar os juros e países menos seguros para investimentos ficam menos atrativos na comparação.

Felipe Salles, economista do Itaú, avalia que a alta da moeda brasileira no primeiro semestre foi mais puxada por este cenário externo. Outro risco sendo precificado é o de agravamento da guerra comercial.

Além disso, houve deterioração de dois emergentes, a Argentina e a Turquia, que têm em comum alto déficit em conta corrente e inflação de dois dígitos.

Mesquita nota que a economia brasileira tem "fatores de resiliência" e que "nosso problema não parece ser vulnerabilidade externa”.

Ele citou o alto nível das reservas internacionais, que servem como um colchão de segurança, e o baixo déficit em conta corrente, o que significa menos contas a pagar no exterior.

A projeção do banco é que o dólar esteja em 3,90 reais tanto no final de 2018 quanto no final de 2019.

Juros e inflação

A dúvida no momento é sobre como o Banco Central vai reagir à disparada recente da moeda.

O órgão já deixou claro que não busca nenhum patamar de câmbio específico, mas que tem a prerrogativa de intervir no mercado para que ele não retroalimente dinâmicas destrutiva.

"Se eles detectarem que o mercado está disfuncional poderiam atuar, pode ser hoje, amanhã ou na semana que vem”, diz Mesquita.

Outro risco é que o dólar mais alto acabe pressionando demais os preços: o banco calcula que em média, uma valorização de 10% no dólar aumenta a inflação brasileira em 0,75 ponto percentual.

É o chamado repasse cambial, que depende dos outros indicadores econômicos e que neste ano, segundo o banco, tem ficado abaixo da média.

Com a economia fraca, fica mais difícil para os agentes econômicos repassarem a alta para o consumidor, por exemplo.

A projeção do banco é que O IPCA fique em 4,1% em 2018 e 4,2% em 2019. A avaliação do banco é que com um câmbio em 3,90 reais, não será necessário aumentar juros, mas os indicadores de juros futuros do mercado financeiro estão precificando novas altas.

A próxima reunião do Copom, que decide a Selic, acontece nos próximos dias 18 e 19 de setembro.

Futuro

Mesquita avalia que "a expectativa dominante do mercado é de continuidade na condução da politica monetária".

Ele nota que historicamente, no Brasil, acontece distensão entre período eleitoral e inicio do governo.

Ou seja, entre o segundo turno em 27 de outubro e a posse em 1º de janeiro, deve haver um distanciamento da retórica eleitoral e sinalização em direção a governabilidade.

No entanto, o cenário só ficaria realmente mais claro em março, quando estiverem definidas outras posições de liderança como presidente da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.

No momento, o desafio atual de quem faz projeções é conciliar em uma média ponderada um contínuo de possibilidades que vai do pior ao melhor cenário.

"Não projetamos nenhum abandono da agenda de reformas nem um grande avanço e sim um avanço gradual, é o Brasil como ele geralmente é“, resume Mário, que não vê "razão para achar que o próximo governo não vai ser comprometido com a governança e a solvência da divida pública”.

Veja as previsões do banco para a economia brasileira neste e no próximo ano:

20182019
Crescimento do PIB1,3%2%
Desemprego (dezembro)12,3%12,1%
Inflação4,1%4,2%
Selic (fim do ano)6,5%8%
Superávit primário-2,1%-1,6%
Câmbio (fim do ano)3,903,70
Conta corrente (% PIB)-1,0%-1,3%

 

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