Economia

Mundial esvazia lojas e amarela metas de varejo de moda

Varejistas de moda fecham suas lojas mais cedo nos dias de jogos e veem a permanência do Brasil no torneio esfriar o ímpeto de consumidores


	Loja de roupas: há um "estado de feriado" mesmo quando não há partidas na agenda
 (Getty Images)

Loja de roupas: há um "estado de feriado" mesmo quando não há partidas na agenda (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 8 de julho de 2014 às 14h36.

São Paulo - Enquanto bares e supermercados comemoram aumento do movimento com a Copa do Mundo, varejistas de moda fecham suas lojas mais cedo nos dias de jogos e veem a permanência do Brasil no torneio esfriar o ímpeto de consumidores já receosos em colocar a mão no bolso.

A avaliação é de representantes e analistas do setor, que lembram que, diante de um cenário macroeconômico mais fraco, essas empresas são especialmente prejudicadas pelo fato de venderem produtos como roupas e sapatos, cuja compra é facilmente adiável --especialmente quando as preocupações se voltam para o que acontece dentro das quatro linhas.

Antes mesmo do início da Copa do Mundo, a Cia Hering já havia afirmado enxergar "incertezas" com o evento, enquanto a Lojas Renner dissera estar preparada para um menor ritmo de vendas no trimestre em função do número de feriados com a competição.

Membro do Conselho Diretor da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (ABVTEX), Marciel Costa afirmou que nem o Dia dos Namorados, considerada a terceira melhor data em faturamento para o comércio, passou incólume ao efeito Copa.

"O Dia dos Namorados, uma data forte para o varejo de moda, coincidiu com a abertura da competição, fazendo com que os shoppings ficassem literalmente vazios", disse.

O impacto, segundo Costa, foi estendido por feriados decretados em cidades sede nos dias de jogos e pela série de dispensas antecipadas concedidas por empregadores quando a seleção entrou em campo.

"Em dias de jogos, o movimento de consumidores nos shopping centers fica reduzido a 30 por cento de um dia normal de vendas", afirmou ele.

A presença do Brasil entre os finalistas do torneio prolongou esse efeito, segundo o presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio de São Paulo, Ruy Nazarian, acrescentando que há um "estado de feriado" mesmo quando não há partidas na agenda.

"O setor de moda está torcendo para a Copa passar", disse. "A expectativa, a ansiedade das pessoas fica direcionada para os jogos. Tudo que se consome é em torno da Copa, que também acontece em um momento não muito favorável economicamente." De acordo com um investidor do setor que pediu anonimato, as varejistas de moda devem registrar, em média, uma queda de 20 por cento nas vendas de junho.

"Quando você considera os poucos dias 'úteis', o que sobrou para vender foi pouco tempo. Isto somou-se ao mau humor que vinha desde o pós-Carnaval com a economia de modo geral", disse.

Em junho, o Índice de Confiança do Consumidor caiu 8,3 por cento ante igual período do ano passado, conforme dados da Fundação Getulio Vargas, refletindo a menor disposição do brasileiro em gastar diante de inflação e juros altos, que encarecem a tomada de crédito.

E as vendas a prazo mantiveram tendência de baixa vista nos últimos quatro meses e recuaram 2,06 por cento sobre junho de 2013, segundo indicador do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). "Depois de um desempenho fraco no primeiro trimestre em vendas nas mesmas lojas (que consideram estabelecimentos abertos há pelo menos um ano), esperamos que o segundo trimestre continue devagar devido à menor demanda por produtos discricionários, juros altos, inflação, mais o impacto negativo da Copa do Mundo neste ano", disse o Citi, em relatório sobre o varejo de moda assinado pela analista Renata Coutinho.

Questionadas pela Reuters sobre o impacto efetivo da Copa para as vendas até o momento, as varejistas têxteis de capital aberto Lojas Marisa, Lojas Renner e Cia Hering não quiseram se pronunciar. A Riachuelo não respondeu ao pedido por comentários.

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