Economia

4 gráficos para entender o tamanho da encrenca na Grécia

Um sistema bancário hemorrágico, uma depressão econômica histórica e uma relação dívida/PIB em disparada: eis a situação da Grécia

Pedestre com sacola de compras caminhando em Atenas, na Grécia (Yorgos Karahalis/Bloomberg)

Pedestre com sacola de compras caminhando em Atenas, na Grécia (Yorgos Karahalis/Bloomberg)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 25 de junho de 2015 às 11h19.

São Paulo - A Grécia tem até a próxima terça-feira para pagar 1,6 bilhão de euros para o Fundo Monetário Internacional (FMI).

É um dinheiro que ela não tem, então as negociações continuam tensas com os credores (que também incluem Banco Central Europeu e Comissão Europeia).

Eles exigem mais cortes e reformas em troca de recursos, uma dinâmica que já se arrasta há anos e ficou mais tensa desde que o partido Syriza assumiu prometendo condições melhores para o povo grego.

O mercado não está exatamente indiferente, mas a sensação geral é que o setor público e privado do resto da Europa e do mundo se blindaram nos últimos anos e nunca estiveram tão preparados para uma possível "Grexit". 

Em fevereiro, uma pesquisa mostrou que os empresários da União Europeia já se preocupam mais com o Reino Unido deixando o bloco ("Brexit") do que com a Grécia fazendo o mesmo.

Enquanto isso, a fuga de recursos se acelera. Com medo de que um controle de capitais seja estabelecido a qualquer momento, turistas são orientados a levar mais dinheiro vivo e pedem cofres aos hotéis para guardá-lo.

Para o Goldman Sachs, o cenário-base hoje é que as coisas "pioram antes de melhorar": nenhum acordo é feito no curto prazo e há um calote técnico com controle de capitais.

Eventualmente, a pressão do mercado força ambas as partes a fazer concessões e resolver o impasse. O banco enviou nesta semana um relatório que resume o tamanho do problema da Grécia (veja aqui em versão maior):

(Goldman Sachs)

O gráfico de baixo da esquerda mostra que as medidas de corte de gastos e aumento de impostos negociadas com os credores refletiram em uma melhora do déficit. 

No entanto, como mostra o gráfico de cima da direita, isso não foi capaz de reanimar a economia: o PIB da Grécia perdeu mais de um terço do seu valor desde 2008, uma derrocada que já supera a Grande Depressão americana.

Sem crescimento, fica muito difícil estabilizar a relação entre dívida e PIB - que como mostra o gráfico de cima da esquerda, explodiu de 110% em 2008 para 180% em 2014.

Economistas apontam que apertar a Grécia ad infinitum não vai mudar essa trajetória, e que algum perdão e reestruturação de dívida é inevitável - como já aconteceu muitas vezes na história europeia.

O medo dos líderes da UE é que facilitar para os gregos estimularia a ascensão de partidos como o Syriza em lugares como a Espanha. Além disso, o histórico da Grécia não é exatamente promissor: o país passou 90 dos últimos 192 anos em crise da dívida

Enquanto isso, o sistema bancário sangra (como mostra o gráfico de baixo da direita) e quem mais sofre é a população grega. A renda disponível entre os mais ricos já voltou para níveis de 1985. Entre os mais pobres, o dinheiro na mão é equivalente ao registrado em 1980.

O desemprego é o maior da União Europeia (25,7% em janeiro) e chega a 50% entre os mais jovens. 3 a cada 4 desempregados gregos estão procurando emprego há mais de um ano.

Acompanhe tudo sobre:Bancosbancos-de-investimentoCâmbioCrise econômicaCrise gregaDívidas de paísesEmpresasEmpresas americanasEndividamento de paísesEuroEuropaFMIGoldman SachsGréciaMoedasPiigsRecessãoUnião Europeia

Mais de Economia

Reforma tributária: videocast debate os efeitos da regulamentação para o agronegócio

Análise: O pacote fiscal passou. Mas ficou o mal-estar

Amazon, Huawei, Samsung: quais são as 10 empresas que mais investem em política industrial no mundo?

Economia de baixa altitude: China lidera com inovação