Economia

Turistas pedem cofres em hotéis gregos para guardar dinheiro

Clientes começaram a pedir uma comodidade normalmente ignorada em uma época de pagamentos on-line e com cartões de crédito: cofres confiáveis


	Cofre: “os clientes querem se sentir seguros de que, se alguma coisa acontecer, eles terão fundos”, diz gerente de hotel grego
 (Stockbyte/Thinkstock)

Cofre: “os clientes querem se sentir seguros de que, se alguma coisa acontecer, eles terão fundos”, diz gerente de hotel grego (Stockbyte/Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 22 de junho de 2015 às 17h48.

Atenas - Nas últimas semanas, os clientes de Kostas Dimitrokalis, gerente de resorts gregos, começaram a pedir uma comodidade normalmente ignorada em uma época de pagamentos on-line e com cartões de crédito: cofres confiáveis para guardar dinheiro nos hotéis.

“Os clientes querem se sentir seguros de que, se alguma coisa acontecer, eles terão fundos”, disse Dimitrokalis, chefe da rede KD Hotels, com seis resorts na ilha de Santorini, em entrevista por telefone. “Eles estão vindo com mais dinheiro”.

Ajudar os viajantes a descansar e relaxar é algo que Dimitrokalis sabe fazer. Para ele, seria mais problemático se os clientes deixassem de aparecer.

Embora seus hotéis agora estejam lotados, Dimitrokalis diz que as reservas a futuro estão fracas diante da incerteza que rodeia as finanças do país.

Essa impressão ecoa por todo o setor de turismo da Grécia. A Associação de Empresas de Turismo da Grécia, que disse no mês passado que o forte começo do ano vinha arrefecendo, não quis discutir o possível impacto do enfrentamento entre o governo e os credores nesta semana porque “a situação é indefinida demais”.

O país tem vencimentos iminentes de parcelas por pagar ao FMI e um prazo até 30 de junho para chegar a um acordo. Como não há nenhum à vista, possivelmente alguns viajantes questionem suas viagens – no momento em que hoteleiros, donos de restaurantes e capitães de veleiros se aproximam da temporada alta do turismo.

Impacto econômico

O turismo gera 17 por cento do PIB na Grécia, o que significa que qualquer desaceleração afetaria duramente a economia.

Antes da última intensificação da disputa pelo financiamento, o país caminhava para um ano com um número recorde de visitantes, pois o total de turistas cresceu 46 por cento no primeiro trimestre, para 1,73 milhão, segundo os dados mais recentes do Banco da Grécia.

A TUI AG, a maior operadora de tours da Europa, disse que só recebeu consultas esporádicas dos viajantes em relação ao impacto que a possível saída da Grécia da zona do euro teria sobre suas férias, e a Thomas Cook Group Plc disse que continua observando uma forte demanda por viagens ao país. Ambas as empresas disseram que as viagens não seriam afetadas porque elas estão vendendo pacotes turísticos aos clientes.

O conselho de especialistas para quem estiver viajando ao país é que se mantenham atualizados com os últimos acontecimentos e que levem dinheiro suficiente para bancar três ou quatro dias, por via das dúvidas, disse David Swann, porta-voz da Travelex, empresa especialista em câmbio que opera lojas e caixas eletrônicos no mundo inteiro.

Os gregos esperam mais visitantes como Elizabeth Sinclair, que ignorou as advertências dos que lhe diziam para não ir ao país por causa da crise.

A nova-iorquina de 28 anos aterrissou em Atenas na terça-feira, a primeira parada de uma viagem pela Grécia que a levará, junto com dois amigos, para várias ilhas, entre elas Santorini e Naxos.

“Algumas pessoas nos disseram que não viéssemos, mas não demos atenção”, disse Sinclair, acrescentando que não tomou precauções adicionais para a viagem. “Sempre tivemos vontade de conhecer a Grécia”.

Uma das companheiras de viagem de Sinclair, Laura Nagy, até observa um potencial benefício na situação.

“Algumas pessoas nos disseram que não viéssemos por causa da economia, mas eu pensei: ‘é mais barato’”, disse Nagy, 28, professora do ensino fundamental, de Melbourne, Flórida. “As pessoas vão ficar mais desesperadas pelo meu dinheiro”.

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