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Ata do Copom gera dúvidas sobre o ritmo de queda dos juros

Texto indica que a Selic continuará caindo, mas expressão usada pelo Banco Central para tratar da intensidade dos cortes gera dupla interpretação

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h31.

O mercado não tem dúvidas de que a taxa básica de juros continuará caindo nos próximos meses. A certeza vem da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). A polêmica, no entanto, recai sobre a intensidade dos novos cortes, já que a expressão usada no texto tanto pode significar quedas de 0,5 ponto percentual, quanto de 0,75 ponto.

A passagem ambígua é o parágrafo 22 da ata, em que o Copom aborda como seus membros se dividiram no encontro da semana passada no qual a Selic foi reduzida em 0,5 ponto, para 18% ao ano. Dos oito membros presentes, seis votaram pelo corte anunciado. Outros dois defenderam 0,75 ponto. Paulo Cavalheiro, diretor de Fiscalização do BC e nono membro do comitê, não participou por motivos de saúde. Segundo a ata, o grupo majoritário entende que "uma redução de 0,5 ponto seria a decisão adequada, dado que corresponderia melhor à velocidade ótima de implementação desse processo de flexibilização [da política monetária]".

Para os economistas, o trecho não esclarece muito. Em 2006, o Copom reduzirá o número de reuniões de 12 para 8, já que a periodicidade subirá de aproximadamente 30 para 45 dias. Um corte de 0,5 ponto possui um peso bem distinto se aplicado em uma reunião mensal ou a cada mês e meio. "A ata mostra que o BC não quis traçar nenhuma perspectiva, para poder administrar as expectativas do mercado", diz Sandra Utsumi, economista-chefe do Banco Espírito Santo Securities.

Uma interpretação possível é que o BC continuará cortando os juros em 0,5 ponto a cada encontro. Na prática, isso significaria uma desaceleração no ritmo, já que os juros cairiam 1 ponto a cada três meses ou 0,33 ponto por mês. De qualquer modo, a intensidade seria compatível com as expectativas dos bancos. No último relatório de mercado do BC, a projeção das "top 5" as cinco instituições financeiras com maior índice de acerto apontam para uma Selic de 15,25% ao ano em dezembro de 2006, ou 2,75 pontos abaixo da taxa atual. Com oito encontros pela frente, o Copom teria espaço para promover cortes suaves e ainda atender às expectativas do mercado.

Neste caso, a atual velocidade só seria mantida se o Copom alternasse cortes de 0,5 e 1 ponto, totalizando 1,5 ponto a cada três meses. Para Mário Mesquita, economista-chefe do ABN Amro Real, esta alternância é a hipótese menos provável.

Outra forma de avaliar a "velocidade ótima" citada pela ata é que os cortes subirão para 0,75 ponto. Isto porque seria acumulada uma queda de 1,5 ponto a cada três meses compatível com o atual ritmo de 0,5 ponto por mês.

De qualquer modo, somente a reunião de janeiro, prevista para os dias 17 e 18, indicará que caminho será tomado pela autoridade monetária. "O BC usa uma linguagem subjetiva para não assumir compromissos e continuar se portando de modo discricionário", afirma Pedro Paulo Bartolomei da Silveira, economista da Global Invest Asset Management.

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