"Brasil não vai reinventar a roda", diz Henrique Meirelles
Para o presidente do Banco Central, meta de inflação brasileira é a mais alta do mundo, o que esvazia a crítica de que a política monetária persegue alvos muito apertados
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h25.
"Já é passado a mania do Brasil de reinventar a roda". A afirmação é de Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, no encerramento de um seminário sobre Direito Bancário promovido pela Serasa em São Paulo nesta segunda-feira (28/11). No mesmo dia em que o vice-presidente da República, José Alencar, chamou de"burra"a política cambial, em evento da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Meirelles defendeu as atuais diretrizes com o argumento de que "se o câmbio não fosse flutuante, o BC teria que perseguir duas metas que são incompatíveis [a de inflação e a cambial]".
Meirelles reinterou o que costuma dizer publicamente, isto é, que baixa inflação é pré-condição para o crescimento econômico. O presidente do BC criticou a parcela de economistas e membros do governo que defendem um combate à inflação mais flexível, em troca de maior expansão do país. "Não se discute, fora da América do Sul, a obtenção de crescimento maior com base em inflação maior".
O topo da meta inflacionária do Brasil para 2006, segundo Meirelles, é o mais alto do mundo, e portanto não procede a crítica de que o alvo, definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), seria muito apertado. O CMN determinou que o centro da meta será de 4,5% com tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo, no próximo ano.
Meirelles enfatizou que a consolidação dos avanços econômicos do Brasil não depende apenas da política monetária, mas também da política fiscal de longo prazo e do avanço da agenda de reformas.