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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h42.
São Paulo - O vice-presidente do Instituto Ethos, Paulo Itacarambi, defende que as empresas transnacionais mantenham nos países em desenvolvimento o mesmo padrão de qualidade das suas nações de origem. Segundo ele, algumas vezes essas companhias buscam vantagens competitivas às custas das sociedades onde as legislações são mais flexíveis.
"A questão central é a empresa ter um padrão único em qualquer país que esteja" disse Itacarambi. "Onde a lei permite, ela tem uma padrão, onde não permite, ela tem outro?", perguntou ao participar da Conferência Latino-Americana de Responsabilidade Corporativa na Promoção da Integridade e no Combate a Corrupção.
Como exemplo, ele citou que alguns tipos de agrotóxicos foram proibidos em diversos países, mas no Brasil as empresas produtoras fazem pressão para que seu uso não seja revista.
"Se o produto está sendo banido em 60 países, como é o caso de alguns agrotóxicos, problemas existem. Se existem problemas que provocam danos à saúde, uma empresa que é responsável com a sociedade deveria tomar a iniciativa de não colocar [o produto] no mercado", destacou.
De acordo com Itacarambi, práticas como essa, apesar de estarem dentro da legalidade, podem causar danos à sociedade. "Empresas que são responsáveis com a sociedade devem utilizar o princípio da precaução."
De acordo com ele, tais atitudes não ocorrem sem a conivência de parte da sociedade local. "Tem a responsabilidade das empresas que vendem os alimentos, que devem verificar se esses produtos estão contaminados. Tem o agricultor que usa. Essa responsabilidade está em toda a cadeia."
Para resolver tais situações, Itacarambi defende ainda uma posição mais firme do consumidor, recusando-se a comprar tais produtos com altos níveis de agrotóxicos, e do comércio, que também deve se negar a vendê-los.