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Para todos os efeitos, Levy já está fora. E agora?

Ministro dá todos os sinais de que já está fora do governo e começam a circular os nomes para sua substituição

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy: ano foi marcado por tensões dentro do governo (REUTERS/Ueslei Marcelino)

João Pedro Caleiro

Publicado em 18 de dezembro de 2015 às 14h26.

São Paulo - Para todos os efeitos, Joaquim Levy já está fora do governo.

Há alguns dias, jornais já diziam que o ministro havia apresentado sua carta de demissão para a presidente mas aceitado ficar enquanto seu substituto não fosse definido para fazer uma transição suave.

Nesta quinta-feira, a imprensa relatou que Levy encerrou sua participação em reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) dizendo que não estaria no próximo encontro, marcado para dia 21 de janeiro.

Mais tarde, em entrevista para o jornal O Estado de S. Paulo, ele não deu data para sua saída, mas falou como se já não fosse parte do governo.

"O governo só fala do fiscal. Por quê? Eu não sei. Nunca entendi. Parece que tem medo de reforma, não quer nenhuma reforma", disse o ministro.

O mercado reagiu mal: a Bolsa cai 2% e às 10:37 o dólar avançava 0,57%, a R$ 3,91 após atingir R$ 3,94 na máxima da sessão.

Também pesa a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que definiu um rito de impeachment mais favorável a presidente; de forma geral, notícias que favorecem sua permanência no cargo repercutem mal no mercado financeiro.

Tensões

Considerado fiador do governo junto ao mercado, Levy teve entre suas funções ao longo de 2015 repetir e garantir que estava firme no posto.

Não foi uma tarefa fácil quando ficou claro o tamanho da sua tarefa de reequilibrar a economia em meio a divergências internas do governo e um ambiente de crise política que dificultava a aprovação das medidas de ajuste.

A gota d´água para Levy parece ter sido em relação a meta de superávit primário para 2016. O ministro queria manter os 0,7% e o governo queria 0,5% com possibilidade de abater investimentos. Acabou sendo aprovado pelo Congresso o 0,5% sem abatimentos.

A definição da meta fiscal foi uma fonte de tensão o ano inteiro. Na medida em que a arrecadação piorava, o governo pedia relaxamento da economia de gastos enquanto Levy tentava manter as metas para sinalizar rigor fiscal.

Em março, Levy disse que a presidente tinha "desejo genuíno" de acertar as coisas, mas às vezes não da "maneira mais efetiva".

Foi a primeira de muitas vezes em que a relação entre os dois ficou em cheque e eles precisaram reafirmar publicamente seu alinhamento.

No final de maio, a ausência do ministro em um evento de congelamento de gastos estremeceu o mercado; ele alegou uma gripe. Em setembro, um leilão de títulos do Tesouro foi cancelado em meio a novos boatos sobre sua saída.

O ministro não foi poupado pelo PT e foi criticado inclusive pelo seu presidente Rui Falcão. Muitos congressistas do partido votaram contra medidas de ajuste do governo e o "Fora Levy!" ecoou nas manifestações de apoio a presidente Dilma e contra o impeachment.

Na manhã desta sexta, o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, disse que "quem banca a politica econômica não é o ministro da Fazenda, é a presidenta" e que "se ilude quem aponta o fuzil para este ou aquele ministro".

Substituição

De acordo com o jornal Folha de São Paulo, Nelson Barbosa, atual ministro do Planejamento, seria o favorito para substituir Levy, mas é visto pelo mercado financeiro como menos comprometido com a ortodoxia e o ajuste fiscal.

Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, é o favorito de Lula e tem seu nome aventado há muito tempo. Armando Monteiro, atual ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, e o senador Romero Jucá (PMDB-RR), seriam boas "soluções políticas".

Marcos Lisboa, ex-secretário do Ministério da Fazenda do governo Lula e presidente do Insper, e Otaviano Canuto, diretor do Brasil no Fundo Monetário Internacional, também estariam na lista.

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Mais tarde, em entrevista para o jornal O Estado de S. Paulo, ele não deu data para sua saída, mas falou como se já não fosse parte do governo.

"O governo só fala do fiscal. Por quê? Eu não sei. Nunca entendi. Parece que tem medo de reforma, não quer nenhuma reforma", disse o ministro.

O mercado reagiu mal: a Bolsa cai 2% e às 10:37 o dólar avançava 0,57%, a R$ 3,91 após atingir R$ 3,94 na máxima da sessão.

Também pesa a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que definiu um rito de impeachment mais favorável a presidente; de forma geral, notícias que favorecem sua permanência no cargo repercutem mal no mercado financeiro.

Tensões

Considerado fiador do governo junto ao mercado, Levy teve entre suas funções ao longo de 2015 repetir e garantir que estava firme no posto.

Não foi uma tarefa fácil quando ficou claro o tamanho da sua tarefa de reequilibrar a economia em meio a divergências internas do governo e um ambiente de crise política que dificultava a aprovação das medidas de ajuste.

A gota d´água para Levy parece ter sido em relação a meta de superávit primário para 2016. O ministro queria manter os 0,7% e o governo queria 0,5% com possibilidade de abater investimentos. Acabou sendo aprovado pelo Congresso o 0,5% sem abatimentos.

A definição da meta fiscal foi uma fonte de tensão o ano inteiro. Na medida em que a arrecadação piorava, o governo pedia relaxamento da economia de gastos enquanto Levy tentava manter as metas para sinalizar rigor fiscal.

Em março, Levy disse que a presidente tinha "desejo genuíno" de acertar as coisas, mas às vezes não da "maneira mais efetiva".

Foi a primeira de muitas vezes em que a relação entre os dois ficou em cheque e eles precisaram reafirmar publicamente seu alinhamento.

No final de maio, a ausência do ministro em um evento de congelamento de gastos estremeceu o mercado; ele alegou uma gripe. Em setembro, um leilão de títulos do Tesouro foi cancelado em meio a novos boatos sobre sua saída.

O ministro não foi poupado pelo PT e foi criticado inclusive pelo seu presidente Rui Falcão. Muitos congressistas do partido votaram contra medidas de ajuste do governo e o "Fora Levy!" ecoou nas manifestações de apoio a presidente Dilma e contra o impeachment.

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Substituição

De acordo com o jornal Folha de São Paulo, Nelson Barbosa, atual ministro do Planejamento, seria o favorito para substituir Levy, mas é visto pelo mercado financeiro como menos comprometido com a ortodoxia e o ajuste fiscal.

Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, é o favorito de Lula e tem seu nome aventado há muito tempo. Armando Monteiro, atual ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, e o senador Romero Jucá (PMDB-RR), seriam boas "soluções políticas".

Marcos Lisboa, ex-secretário do Ministério da Fazenda do governo Lula e presidente do Insper, e Otaviano Canuto, diretor do Brasil no Fundo Monetário Internacional, também estariam na lista.

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