Itaú: com reformas, dólar pode cair abaixo de R$ 3,50
Segundo banco, nos próximos anos cenário internacional deve se tornar mais desafiador, com redução da liquidez global por conta da elevação de juros
Estadão Conteúdo
Publicado em 26 de junho de 2018 às 20h33.
São Paulo - A aprovação de reformas que ajudem a melhorar as contas fiscais do País, como a da Previdência, deve atrair recursos externos ao Brasil e levar o dólar para níveis abaixo de R$ 3,50, avalia o Itaú Unibanco.
Já no caso das reformas serem engavetadas pelo novo presidente, de vitória de um candidato com perfil mais populista, que dê pouca importância ao ajuste fiscal, a moeda pode se estabilizar em patamar superior a R$ 4,50.
"A aprovação das reformas, especialmente daquelas que geram uma dinâmica fiscal mais sustentável, será o ponto-chave para determinar se o País vai migrar para um regime de muito, pouco ou até nenhum financiamento externo", ressalta relatório divulgado nesta terça-feira, 26, assinado pelo economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita, e pela economista Julia Gottlieb.
A avaliação do banco é que ao longo dos próximos anos o cenário internacional deve se tornar mais desafiador, com redução da liquidez global por conta da elevação de juros nos países desenvolvidos.
O relatório do Itaú destaca que, desde a década de 1980, o Brasil passou por dois regimes de disponibilidade de financiamento externo: de escassez de recursos e de abundância.
No geral, os períodos em que o País foi importador de capital externo foram marcados por boas condições macroeconômicas domésticas. "Por outro lado, períodos em que o financiamento externo diminuiu drasticamente foram caracterizados por desajustes e incertezas internas."
Se no curto prazo é difícil prever movimentos no câmbio, para o médio e longo prazo o Itaú ressalta que os preços da moeda tendem a ser mais sensíveis aos fundamentos: "a taxa de câmbio, no longo prazo, depende da quantidade de recursos externos disponíveis para financiar o déficit em conta corrente de um país", ressalta o relatório.
Por isso, dado um cenário internacional mais adverso, na ausência de reformas pelo novo presidente, especialmente as fiscais, o Brasil "pode migrar para um regime de pouca ou nenhuma disponibilidade de financiamento externo", afirmam os economistas.
Nesse caso, o País precisará gerar superávits em conta corrente, o que seria compatível com uma moeda mais depreciada - acima de R$ 4,50. "Alternativamente, em um cenário de aprovação de reformas e melhora dos fundamentos, podemos migrar para um regime de alta disponibilidade de financiamento externo e câmbio mais apreciado (abaixo dos R$ 3,50)."
No últimos meses, destaca o Itaú, o real tem perdido força ante o dólar . "A combinação de fatores internacionais e domésticos indica que pode haver menos recursos disponíveis para financiar o déficit em conta corrente no Brasil do que já existiu no passado", observam os economistas.