IPCA-15 tem alta de 0,78% em dezembro e fecha ano em 10,42%
O resultado mostra desaceleração no aumento de preços medido pelo índice, após altas sucessivas nas taxas de juros
Da Redação
Publicado em 23 de dezembro de 2021 às 09h04.
Última atualização em 23 de dezembro de 2021 às 09h29.
O IPCA-15 de dezembro, prévia da inflação brasileira, confirmou um início de desaceleração da alta de preços. No resultado divulgado nesta quinta-feira, 23, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA-15 registrou variação de 0,78% em dezembro.
No acumulado de 12 meses, a alta medida pelo IPCA-15 foi de 10,42%, a maior para um mesmo ano desde 2015.
O resultado mostra queda no aumento de preços medido pelo índice, após alta de 1,17% em novembro. Como prévia do IPCA oficial (divulgado somente no mês seguinte), o IPCA-15 mede os períodos até meados de cada mês.
Em novembro, o IPCA oficial já havia ficado abaixo das projeções de mercado (subindo 0,95%), o que sugere que a inflação pode ter atingido um ponto de inflexão.
Os itens que mais subiram
Apesar de altas menores do que nos meses anteriores, os preços seguem subindo mesmo com a economia em baixa. Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, sete apresentaram alta em dezembro. Apenas Saúde e cuidados pessoais (-0,73%) e Educação (0,00%) não registraram aumento no mês de dezembro no IPCA-15.
O maior impacto na cesta do índice e a maior alta de preços veio do grupo dos Transportes (2,31%), puxados por aumento no preço dos combustíveis.
- Até meados de dezembro, o preço da gasolina subiu 3,28% no IPCA-15;
- O etanol subiu 4,54%;
- O óleo diesel subiu 2,22%.
Como previsto, outro destaque nas altas do mês foram as passagens aéreas, que tiveram alta de 10,07% em dezembro, após recuo de -6,34% em novembro, influenciadas por preço dos combustíveis e alta procura no fim de ano.
O grupo de Habitação (alta de 0,90%), o segundo que mais subiu no mês, altas consistentes ainda continuam em frentes como energia elétrica e gás de cozinha e de botijão. O gás de botijão teve alta de preços pelo 19º mês consecutivo, aponta o IBGE.
No grupo de Alimentação e Bebidas (0,35%), o terceiro com maior alta, o destaque ficou para o café moído, que subiu 9,10%, mais que o dobro da alta de novembro. Preços de frutas e carnes voltaram a subir após queda em novembro.
Os preços no Brasil vêm em uma trajetória de altas bruscas nos últimos meses, em meio à subida de preços de combustíveis no mercado internacional, crise hídrica que impactou a energia elétrica e preços dos alimentos que vieram de altas do ano passado.
O choque de oferta mundo afora diante da pandemia da covid-19, como a falta de insumos para a indústria, também colabora negativamente.
Inflação em 5% em 2022?
A inflação brasileira está em dois dígitos desde setembro no acumulado de 12 meses. Ainda assim, diante da alta da taxa de juros, a expectativa é de desaceleração da economia e da demanda e consequente queda na inflação ao longo dos próximos meses.
Para 2022, analistas ouvidos para o boletim Focus do Banco Central projetam alta de 5,03% no IPCA, segundo a última edição do ano do relatório, divulgada nesta segunda-feira, 20.
Bancos e casas de análise já estimam o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil com crescimento abaixo de 1% ou em zero para o ano que vem. Os números do PIB no terceiro trimestre, os últimos divulgados, também mostram estagnação da economia, apesar da vacinação em massa no Brasil. Preocupações globais com a variante Ômicron do coronavírus também podem impactar as economias em todo o mundo.
O Banco Central tem promovido sucessivos aumentos na taxa Selic para conter a inflação.A última alta da Selic foi de 7,75% para 9,25% ao ano, em 8 de dezembro, e a projeção é que a taxa de juros chegue a dois dígitos já na primeira reunião do Copom no ano que vem.
O resultado do IPCA-15 em dezembro ficou levemente abaixo das projeções, confirmando a tendência de queda após as altas na taxa Selic.O relatório Spoiler Macro divulgado no começo da semana pelo time de Macro & Estratégia do BTG Pactual (BPAC11) projetava alta de 0,81% no IPCA-15 de dezembro.
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