Em 2022, o IPCA fechou o ano em 5,79%. Só a inflação de alimentos no domicílio foi quase três vezes maior: ficou em 13,23% (Tânia Rego/Agência Brasil)
Agência de notícias
Publicado em 12 de maio de 2023 às 07h42.
A projeção de que a safra agrícola de 2023 possa alcançar 302 milhões de toneladas pela primeira vez na História, segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) que o IBGE divulgou ontem, pode atenuar o peso da inflação no bolso do consumidor neste ano, que deverá encerrar o ano próximo de 6%.
Hoje, o IBGE divulga o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial de inflação no país, que é usado para estabelecer as metas da política monetária do Banco Central. As expectativas de inflação ainda distantes da meta de 3,25% para este ano têm sido o principal motivo da resistência do BC de baixar a taxa básica de juros (Selic), atualmente em 13,75% ao ano. As projeções do mercado colhidas pelo BC apontam que o IPCA termine o ano em 5,8%.
Mas a maior oferta de alimentos pode ajudar a melhorar o cenário até o fim do ano. Economistas avaliam que a isso se soma a melhora dos preços dos grãos no mercado internacional. Com isso, já há quem fale em queda de 0,2 ponto percentual para o índice no ano diante da expectativa de uma safra maior do que a projetada anteriormente.
É uma boa notícia para o consumidor depois que a pandemia elevou o patamar dos preços de alimentos. Em 2022, o IPCA fechou o ano em 5,79%. Só a inflação de alimentos no domicílio foi quase três vezes maior: ficou em 13,23%.
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Mirella Hirakawa, economista sênior da AZ Quest, explica que uma melhor oferta de alimentos pode ajudar o PIB e a inflação deste ano. A gestora trabalha com uma projeção de 0,5% para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2023, com viés altista vindo justamente da produção agrícola.
A estimativa para o PIB da agropecuária, hoje em 5%, pode ultrapassar 7% - o que elevaria o crescimento da economia para 0,7% no ano, diz ela.
— Quanto ao impacto sobre a inflação, atualmente projetamos IPCA de 5,9% e uma inflação de alimentação no domicílio de 4,4%. Se for confirmada essa melhora na oferta de alimentos, existe espaço para uma queda na alimentação em casa próximo de 3%, o que abriria espaço para a inflação deste ano ficar em 5,7%.
Luciana Rabelo, economista do Itaú, também avalia que a boa safra e a queda nos preços dos grãos devem aliviar a inflação de alimentos este ano.
— Já esperamos uma boa desaceleração em relação a 2022: a alimentação no domicílio deve subir 1,5% esse ano versus 13,2% em 2022.
Claudia Moreno, economista do C6 Bank, pondera que os preços dos grãos são definidos internacionalmente, então há ainda uma dependência da oferta global:
— Quando você tem uma produção grande, isso ajuda a acontecer. Fato é que temos uma desaceleração (da inflação) no cenário. Vamos ver essa redução (dos preços de grãos no mercado internacional) ser repassada para o consumidor.
Na última ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, a autoridade monetária projetou continuidade na queda “relevante” no nível de inflação ao longo deste trimestre.
Porém o BC espera uma subida no nível de preços no segundo semestre. A taxa que considera os últimos 12 meses ainda está com os efeitos de medidas de curto prazo adotadas no governo Bolsonaro, especialmente a desoneração de combustíveis.
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