Economia

Inflação no IPCA é de 1,62% em março, a maior desde 1994

A inflação no acumulado de 12 meses foi de 11,30%, acima dos meses anteriores

Supermercado: alimentos como cenoura e tomate foram destaque de altas no mês de março (Leandro Fonseca/Exame)

Supermercado: alimentos como cenoura e tomate foram destaque de altas no mês de março (Leandro Fonseca/Exame)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 8 de abril de 2022 às 09h03.

Última atualização em 8 de abril de 2022 às 10h52.

A inflação no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal índice inflacionário brasileiro, fechou o mês de março com variação de 1,62%, segundo divulgou nesta sexta-feira, 8, o IBGE.

Essa é a maior variação para um mês de março desde 1994, quando o índice foi de 42,75%, em um período que antecedeu a implementação do Plano Real. As altas do mês foram puxadas sobretudo por alimentos e combustíveis (veja abaixo).

No acumulado dos 12 meses anteriores até março, a variação no IPCA foi de 11,30%.

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O valor acumulado segue superior ao de 2021, quando o IPCA fechou o ano em 10,06% - também uma das maiores altas desde a criação do Plano Real e estabilização da inflação brasileira.

A inflação de março também seguiu sendo maior do que nos meses anteriores, mostrando tendência de alta neste começo de ano:

  • Em janeiro, a inflação mensal foi de 0,54%, e o acumulado de 12 meses, de 10,38% na ocasião;
  • Em fevereiro, foi de 1,01% e 10,54% em 12 meses.

O número de março ficou acima das expectativas do mercado. A projeção da equipe de Macro & Estratégia do BTG Pactual era de alta de 1,35%.

Já é dado como certo que a inflação ficará acima do teto da meta do Banco Central, de 5%, apesar das altas na taxa de juros promovidas pelo BC.

Em março, o Comitê de Política Monetária (Copom) promoveu o nono aumento consecutivo na taxa Selic, hoje em 11,75%. Outro aumento é esperado (para 12,75% na reunião de maio), o que na teoria, encerraria o ciclo monetário, mas números acima da expectativa na inflação de forma recorrente podem fazer o BC mudar os planos.

Os grupos que mais subiram de preço

Oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE tiveram alta no mês de março, com destaque para Transportes (3,02%), que inclui os combustíveis. O único grupo que teve queda nos preços foi Comunicação (-0,05%).

Outro destaque de altas foi Alimentação e bebidas (alta de 2,42%). Em alimentos, alguns dos itens que mais encareceram foram:

  • O tomate, que subiu 27,2% só em março e teve o maior impacto na alta de alimentos por sua importância na cesta;
  • A cenoura subiu 31,5% em março, e acumula alta de mais de 166% em 12 meses;
  • O leite longa vida subiu 9,3%;
  • O óleo de soja subiu 8,9%;
  • As frutas subiram 6,4%;
  • E o pão francês subiu 2,3%.

Como alimentos e transporte têm participação importante na cesta do IBGE para medir o índice, os dois grupos contribuíram com cerca de 72% do IPCA de março. 

“Foi uma alta disseminada nos preços. Vários alimentos sofreram uma pressão inflacionária", disse em nota o gerente do IPCA, Pedro Kislanov.

"Isso aconteceu por questões específicas de cada alimento, principalmente fatores climáticos, mas também está relacionado ao custo do frete. O aumento nos preços dos combustíveis acaba refletindo em outros produtos da economia, entre eles, os alimentos."

A inflação de março trouxe parte dos impactos da última alta de preços de combustíveis no Brasil, anunciada em 10 de março pela Petrobras, após 57 dias de gasolina congelada.

Na medição do IPCA, o preço dos combustíveis subiu 6,7% em março, muito acima da inflação do mês. Individualmente, alguns combustíveis subiram ainda mais:

  • O diesel subiu 13,6%;
  • A gasolina subiu 6,9%;
  • O gás veicular subiu 5,3%;
  • O etanol subiu 3,0%.

O item Transporte por Aplicativo, dependente dos preços dos combustíveis, também teve uma das maiores altas do mês, subindo 7,98%.

Ainda dentro dos combustíveis, o gás de botijão subiu 6,6%, impactando o grupo Habitação (que ao todo subiu 1,15%). A alta da energia elétrica (de 1,08%), com reajustes em algumas tarifas no começo do ano, também contribuiu nesse segmento.

Em 2021, os combustíveis já haviam sido campeões de inflação diante da retomada econômica, após o auge da pandemia do coronavírus.

Agora, com a guerra na Ucrânia, o preço do petróleo bateu patamares recorde. Na manhã desta sexta-feira, o barril do tipo Brent era negociado novamente acima dos US$ 100 no mercado internacional.


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