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Governo estuda medidas para ajudar setor de bares e restaurantes

Presidente da Abrasel, Paulo Solmucci, participou da reunião com Bolsonaro e pediu a prorrogação da carência para pagar empréstimos no âmbito do Pronampe

Pessoas com máscaras de proteção em frente a restaurante, em São Paulo, 6 de julho de 2020 (Jonne Roriz / Bloomberg/Getty Images)

Mariana Martucci

Publicado em 27 de janeiro de 2021 às 16h08.

Última atualização em 27 de janeiro de 2021 às 17h32.

O presidente Jair Bolsonaro prometeu responder, em até 15 dias, se o governo tem condições ou não de ajudar novamente o setor de bares e restaurantes, que enfrenta os efeitos do recrudescimento da pandemia de covid-19. Bolsonaro levou representantes da categoria a uma reunião nesta quarta, 27, com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e saiu de lá com uma lista de pedidos que inclui adiar o início dos pagamentos de empréstimos subsidiados concedidos em 2020 e retomar a permissão para que empresas reduzam salário e jornada ou suspendam contratos de trabalhadores.

O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes ( Abrasel ), Paulo Solmucci, participou da reunião e pediu a prorrogação da carência para pagar empréstimos no âmbito do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte ( Pronampe ) e a prorrogação para que firmas possam reduzir a jornada e os salários dos funcionários, além de ajuda para empresas em relação ao Simples Nacional, regime de tributação especial. "Vamos estudar nos próximos dias o impacto fiscal e a resposta [ será] em duas semanas no máximo. Da minha parte, tudo que eu procuro fazer é para resposta imediata. Sim ou não, mas imediata", declarou Bolsonaro depois do encontro.

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O programa foi anunciado em abril do ano passado como medida para evitar um aumento ainda maior do desemprego diante da pandemia do novo coronavírus, que provocou restrições no funcionamento ou mesmo o fechamento de parte do comércio e da indústria.

Como contrapartida, o governo banca um benefício para quem teve o salário reduzido ou o contrato suspenso até o limite do seguro-desemprego (1.813 reais). Foram pagos 33,5 bilhões de reais a 9,8 milhões de trabalhadores. O custo total do programa, no entanto, era estimado em 51,6 bilhões de reais.

Bolsonaro voltou a criticar as políticas de restrição de horário para o funcionamento do comércio adotadas pelo governo de São Paulo e pela prefeitura de Belo Horizonte como medidas para evitar o colapso do sistema hospitalar neste momento de agravamento da pandemia.

"Tem um estado [ São Paulo ] que quer fechar tudo a partir das 20h e sábado e domingo também. Atinge diretamente, atinge o coração de garçons, donos de bares e de eventos, bem como o mesmo problema está acontecendo na capital BH [ Belo Horizonte ]", comentou.

O presidente comentou que o setor foi pedir "socorro" ao ministro da Economia, Paulo Guedes. "Não podemos botar na ruas 6 milhões de pessoas que ficariam prejudicadas com as medidas ora adotadas pelo estado de São Paulo e pela capital de Minas Gerais", reforçou Bolsonaro.

O presidente da Abrasel afirmou que o setor "paga uma conta desproporcional" com a pandemia de covid-19. "O presidente está entendendo a importância de preservar os empregos do setor, manter as empresas, até que a gente possa com a retomada da economia voltar à normalidade", disse.

O chefe do Executivo fez ainda um apelo para chefes de governo de estados e municípios para não aderirem a um lockdown. Na semana passada, por causa da alta de infecções pela covid-19, o governo de São Paulo anunciou regras mais restritivas para o funcionamento do comércio. Em Belo Horizonte, desde o início do mês, também vigoram medidas de fechamento com prioridade para atividades essenciais.

A partir desta segunda, 25, em São Paulo, passou a valer a fase vermelha, em que só é permitido o funcionamento de serviços essenciais, das 20h às 6h. As regras também vão valer aos sábados, domingos e feriados. As restrições no período da noite e durante os finais de semana devem vigorar até, pelo menos, 8 de fevereiro.

Consumo caiu 28% em dezembro

O consumo em restaurantes no Brasil caiu 28,1% ante mesmo mês de 2019, mostrou pesquisa da Fipe encomendada pela empresa de benefícios Alelo, indicando que o desempenho do setor piorou com medidas de isolamento social para conter uma segunda onda da pandemia de covid-19.

A recuperação da atividade no segmento, que evoluiu de -48,5% (abril) para -24% (novembro), foi interrompida em dezembro, segundo a pesquisa.

"Alguns fatores que podem explicar o resultado são a segunda onda da pandemia e o retorno de medidas restritivas, que afetaram o número de estabelecimentos abertos em dias que usualmente têm consumo elevado, principalmente com as festas de fim de ano", afirma Cesário Nakamura, presidente da Alelo.

O levantamento também apontou que o número de restaurantes que efetivaram transações também foi 9,9% inferior ao registrado no mesmo mês de 2019.

Em relação ao consumo em supermercados, os dados indicam queda de 2,7% no valor gasto em dezembro, ano a ano. Além disso, o número de estabelecimentos que efetivaram transações encerrou o mês 11,6% abaixo do patamar registrado em dezembro de 2019.

Segundo a Fipe, os números mostram que o consumo em dezembro, mesmo impulsionado pelos eventos e festas do período, não foi capaz de recuperar o nível pré-pandemia de 2019.

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