(Arquivo/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 20 de março de 2020 às 06h24.
Última atualização em 20 de março de 2020 às 06h55.
As previsões ligadas ao crescimento do Brasil e do mundo vêm derretendo nas últimas semanas em meio ao coronavírus, e obrigando os cálculos de economistas a serem revistos (para baixo) semanalmente. Nesta sexta-feira, 20, mais um número deste cenário negativo será incorporado pelo governo brasileiro. A previsão menor de crescimento da economia já será usada em relatório de receitas e despesas do Orçamento, que, por lei, precisa ser apresentado até hoje.
A nova previsão para Produto Interno Bruto (PIB) deve vir bem abaixo dos 2,1% divulgados há uma semana. O número anterior já era otimista por não considerar a queda acentuada nos preços do petróleo e a desvalorização cambial dias antes da sua divulgação, e deve ficar mais próximo da expectativa do mercado financeiro, segundo o secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, em entrevista a jornalistas nesta semana.
Atualmente, a previsão do mercado financeiro, reunida pelo Banco Central, converge para uma mediana de 1,68%. Na semana passada, esse número era 1,99%.
O secretário afirmou ainda que o relatório divulgado hoje deve trazer o valor do contingenciamento que seria necessário se o governo não tivesse pedido ao Congresso que reconhecesse estado de calamidade pública no país. A medida dá mais flexibilidade à política fiscal num momento em que o Executivo vem sendo cobrado por mais estímulos financeiros, sobretudo para a Saúde.
Bancos e instituições financeiras correm para traduzir em números a rápida deterioração dos cenários global e local. Nesta semana, o UBS revisou sua previsão de crescimento do PIB para 0,5% após os riscos crescentes de recessão global, restrições de mobilidade e medidas de distanciamento social que, segundo o banco, levam suas previsões a considerarem um cenário de “pandemia severa”.
No começo do ano, assim como grande parte do mercado, a expectativa do UBS era que a economia brasileira crescesse 2,5%. O número caiu para 2,1% no início de fevereiro e para 1,3% no início de março até chegar no nível atual. Novos cortes não estão descartados, mas há melhora no radar: “Nossas expectativas atuais pressupõem que atingimos algum ponto de inflexão até o final do segundo trimestre”, disse o banco em relatório.
A Guide Investimentos reduziu de 1,6% para 0,7% sua expectativa para o avanço do PIB, destacando os efeitos que a pandemia na atividade e a pouca coordenação das ações que estão sendo anunciadas pelo governo brasileiro diante da situação. “Nossa nova estimativa é de fato tão ruim quanto parece”, disse a gestora em relatório.
O Santander também atualizou seus cálculos nesta semana e agora vê uma alta de 1% no PIB de 2020 ante os anteriores 2%. A instituição vê risco de recessão no Brasil no segundo semestre, com retração de 0,2% na economia no primeiro trimestre e de 0,4% no segundo. A atividade voltaria a crescer, segundo o banco, nos três meses seguintes.
O noticiário, porém, só tem expressado a gravidade do momento. E a esperança é que o fundo do poço já tenha sido atingido. A ver.