Economia

FMI adverte sobre “futuro difícil” de baixo crescimento e alta dívida

A diretora do FMI, Kristalina Georgieva, pede ações dos governos para evitar crise de crescimento e aumento da dívida

Perspectivas econômicas apontam para baixo crescimento e alta dívida global (AFP/AFP)

Perspectivas econômicas apontam para baixo crescimento e alta dívida global (AFP/AFP)

EFE
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Agência de Notícias

Publicado em 17 de outubro de 2024 às 17h47.

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A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, alertou nesta quinta-feira, 17, sobre um futuro difícil, marcado por baixo crescimento, alta dívida e instabilidade geopolítica. Ela enfatizou a necessidade de ações governamentais para reverter essa situação.

Desafios econômicos à frente

“Os governos devem trabalhar para reduzir a dívida e reconstruir os amortecedores para o próximo choque, que pode vir mais cedo do que esperamos”, declarou Georgieva em seu discurso antes das reuniões anuais do FMI, que ocorrerão na próxima semana em Washington.

O evento contará com ministros, presidentes de bancos centrais e autoridades econômicas, além de atualizar as previsões de crescimento global, que em julho foram estimadas em 3,2% para 2024 e 3,3% para 2025.

A grande onda de inflação global está recuando, observou Georgieva, graças a medidas eficazes de política monetária, sem causar recessão ou grande aumento do desemprego. No entanto, ela ressaltou que, mesmo com essas boas notícias, ainda não é momento para celebrações.

Instabilidade geopolítica e impacto global

Georgieva destacou que a instabilidade geopolítica é uma preocupação crescente, principalmente devido ao conflito no Oriente Médio, que pode desestabilizar as economias regionais e afetar os mercados globais de petróleo e gás. Além disso, as guerras prolongadas na Ucrânia e em outras regiões têm impactos econômicos e humanitários devastadores.

Outro ponto de alerta é o crescente protecionismo econômico, impulsionado por preocupações de segurança nacional, o que afeta o comércio internacional, reduzindo-o como motor de crescimento. “Estamos vendo a fratura no comércio global se intensificar, como alertei em 2019. Isso é como jogar água fria em uma economia já morna”, disse Georgieva.

Reformas fiscais: a chave para o futuro

Georgieva também ressaltou que o mundo está caminhando para uma combinação preocupante de baixo crescimento e alta dívida. O FMI prevê que a dívida pública global deve ultrapassar US$ 100 trilhões, ou 93% do PIB global até o final deste ano, podendo atingir 100% até 2030.

Embora o cenário seja desafiador, a diretora-gerente do FMI afirmou que as previsões não são destino, citando o presidente do Banco Mundial, Ajay Banga. Segundo ela, os governos podem e devem fazer mais, principalmente por meio de reformas fiscais que incluam o fortalecimento do mercado de trabalho, a remoção de barreiras ao capital e o aumento dos gastos em educação e pesquisa.

Ao encerrar seu discurso, Georgieva fez um apelo para que os líderes globais trabalhem juntos, especialmente em um mundo cada vez mais fragmentado: “Precisamos baixar a temperatura geopolítica e focar nas tarefas que só podem ser resolvidas em conjunto”.

A dívida pública global pode superar 100% do PIB até 2030, segundo o FMI.

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