Economia

Expectativas por crescimento acabaram em protestos, diz OIT

O robusto crescimento da economia do Brasil gerou níveis de expectativa social insatisfeita que derivaram nos protestos de junho, segundo diretor-geral da OIT


	Torcedores carregam cartazes de protestos durante jogo do Brasil: "o povo tem expectativas e o crescimento econômico não é, em si, uma resposta a elas", disse diretor-geral da OIT
 (REUTERS/Jorge Silva)

Torcedores carregam cartazes de protestos durante jogo do Brasil: "o povo tem expectativas e o crescimento econômico não é, em si, uma resposta a elas", disse diretor-geral da OIT (REUTERS/Jorge Silva)

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Da Redação

Publicado em 29 de agosto de 2013 às 12h28.

Genebra - O robusto crescimento da economia do Brasil gerou níveis de expectativa social insatisfeita que derivaram nos protestos de junho passado, opinou nesta quinta-feira o diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Guy Ryder.

"O povo tem suas próprias expectativas e o crescimento econômico não é, em si mesmo, uma resposta a elas", declarou Ryder ao se reunir com um grupo de jornalistas a poucos dias de sua participação na reunião do Grupo dos Vinte (G20) em São Petersburgo (Rússia) e comentar a desaceleração das economias emergentes.

Ryder explicou que o sucesso econômico e o aumento da renda em uma sociedade criam ao mesmo tempo expectativas de melhora individual e coletiva, o que pode incluir o funcionamento dos serviços públicos e do sistema político.

Nesse sentido, ele considerou que a evolução positiva da economia de um país - como foi o caso do Brasil na última década - "na realidade pode aumentar certos níveis de tensão em vez de reduzi-los" e inclusive provocar "turbulências".

O responsável da OIT recomendou ver "a experiência do Brasil em toda sua complexidade" e lembrar que a lição que deve ser tirada das manifestações cidadãs é que houve espaço e debate público sobre a maneira de responder a essa situação.

"O positivo foi que o Brasil é uma sociedade democrática na qual os protestos são parte da vida civil e que as diversas opiniões são escutadas", comentou Ryder.

"Os problemas surgem quando se trata de sociedades que carecem de espaços democráticos", acrescentou.

"Neste caso se trata de situações muito diferentes e, sem querer fazer comparação, vemos o que aconteceu durante a Primavera Árabe, o que vimos na Tunísia ou o que vemos agora no Egito, o que demonstra que quando não há espaços democráticos as coisas podem girar em uma direção muito diferente".

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