Economia

Europa e EUA expressam otimismo com zona do euro

O presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, se mostrou abertamente otimista e falou de 'progressos excelentes' na zona do euro

Draghi afirmou que se está 'em outro mundo' quando se compara a situação atual com a qual se vivia há cinco meses (AFP)

Draghi afirmou que se está 'em outro mundo' quando se compara a situação atual com a qual se vivia há cinco meses (AFP)

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Da Redação

Publicado em 27 de janeiro de 2012 às 19h56.

Davos - Europa e Estados Unidos lançaram nesta sexta-feira uma mensagem de moderado otimismo sobre o futuro da zona do euro durante o Fórum Econômico Mundial, realizado na cidade suíça de Davos, e aumentaram a pressão em favor dos ajustes fiscais e das reformas econômicas no bloco.

Quem se mostrou mais abertamente otimista foi o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, que falou de 'progressos excelentes' na zona do euro com a introdução de reformas estruturais importantes a cargo dos novos governos nos países com maiores problemas de dívida - Grécia, Portugal, Itália e Espanha.

Com a taxa de risco nos níveis mais baixos dos últimos meses na Itália e Espanha, Draghi afirmou que se está 'em outro mundo' quando se compara a situação atual com a qual se vivia há cinco meses.

'O nível de progresso é excelente. Se olharmos o progresso que fizeram os países da zona do euro em ajuste fiscal e introdução de reformas estruturais, é incrível', disse Draghi, que acredita que a próxima cúpula dos líderes europeus, no próximo dia 30, conseguirá avanços na intensificação da união fiscal.

Draghi defendeu a decisão do BCE em dezembro de injetar liquidez para os próximos três anos, pois evitou uma crise do crédito, e advertiu que os programas de resgate devem ser unicamente um mecanismo que evite acidentes.

O secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, também foi a Davos com uma mensagem positiva acerca do impacto das decisões provenientes dos países periféricos da UE para evitar uma espiral de dívida que ameaçava de maneira imediata a existência do euro e do projeto de integração do bloco.

'Os novos governos estão tomando medidas duras, ao que é preciso somar que o Banco Central Europeu está fazendo o que os bancos centrais devem fazer (injetar dinheiro para ajudar a reativar a economia), promovendo um fortalecimento do setor financeiro', destacou o secretário.


Ele indicou, no entanto, que o trabalho ainda está para ser concluído e, para isso, deve-se construir um mecanismo de estabilidade mais sólido e mais crível que evite impactos negativos para o euro.

'É a única maneira de a Europa ter sucesso em sua tentativa de se manter em pé e de levar adiante o projeto do euro', ressaltou Geithner, argumentando que, no fundo da questão, há um elemento de vontade política sem o qual não haverá solução.

Para o secretário de Tesouro americano, construir um mecanismo de estabilidade mais sólido requereria um maior compromisso dos governos europeus. 'Acho que isso é algo que a maioria dos europeus reconhece', assinalou Geithner, numa solicitação implícita para que a Alemanha reconsidere suas fórmulas atuais para enfrentar a crise - Berlim se mostra reticente a medidas de estímulo econômico.

O secretário afirmou que o Fundo Monetário Internacional (FMI) pode desempenhar um papel decisivo para ajudar as economias da zona do euro que sofrem com a grave crise da dívida, desde que haja 'a disposição e o compromisso político' dos governos de blindar financeiramente a moeda única frente aos mercados.

'Quem fala apenas de solucionar os problemas através da austeridade está interpretando mal o panorama geral', declarou Geithner.

A Alemanha voltou nesta sexta-feira a rejeitar a possibilidade de aumentar a ajuda à Grécia no marco do segundo programa de resgate ao país, depois que o vice-presidente da Comissão Europeia e comissário de Assuntos Econômicos e Monetários da UE, Olli Rehn, sugeriu em Davos um aumento das contribuições, além dos 130 bilhões de euros estipulados na cúpula de outubro passado.


A resposta foi dada pelo ministro das Relações Exteriores alemão, Guido Westerwelle, que disse não ver sentido algum em se falar toda semana de enviar mais dinheiro à Grécia por parte dos 17 países-membros da zona do euro.

'Tem de haver reciprocidade', afirmou Westerwelle em Bruxelas, onde negou que falte solidariedade europeia. 'Já contribuímos somas gigantescas'.

Mais próximo dos argumentos alemães se mostrou o ministro de Economia e Competitividade da Espanha, Luis de Guindos, que em seu discurso em Davos considerou que a injeção de liquidez 'não é a cura final' aos problemas atuais que atinge a zona do euro.

Guindos enfatizou a necessidade de mais compromisso dos governos da zona do euro sobre a importância de uma disciplina fiscal e rejeitou a ideia de envolver o BCE no acordo que prevê o perdão de pelo menos 50% a dívida da Grécia em mãos privadas. Ele afirmou ser fundamental evitar os altos déficits públicos e os elevados níveis de dívida. 

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