Desemprego é o maior em 2 anos - mas até onde ele vai?
Recessão começa a bater com força no desemprego, que era até agora um dos melhores indicadores de Dilma; para MB Associados, taxa pode passar 9% no meio do ano
João Pedro Caleiro
Publicado em 7 de maio de 2015 às 15h36.
São Paulo – Horas após a Câmara dos Deputados aprovar as novas regras do seguro-desemprego, os números da PNAD Contínua divulgados pelo IBGE mostraram que o desemprego está aumentando.
A taxa pulou de 6,5% no 4º trimestre de 2014 para 7,9% nos três primeiros meses deste ano. É a maior taxa desde o 1º trimestre de 2013, quando estava em 8%.
A queda já aparecia em indicadores como a Pesquisa Mensal de Emprego do próprio IBGE, mas não deixa de ser uma má notícia para o govenro Dilma, que até pouco tempo tinha o emprego como um dos poucos indicadores positivos para mostrar.
E a queda até demorou a aparecer mais fortemente diante do crescimento zero em 2014 e a perspectiva para 2015 da maior recessão em mais de 20 anos (queda de 1,18%, de acordo com o último boletim Focus ).
Como o mercado de trabalho brasileiro é bastante rígido e demitir é caro, as flutuações de atividade têm efeitos retardados sobre o emprego – para o bem e para o mal.
“Mercado de trabalho é a ultima coisa que a gente sente quando tem uma desaceleração. E esse não é o fim do processo: a taxa deve continuar subindo e chegar a cerca de 9% no meio do ano, quando é geralmente o pico”, prevê Sérgio Vale, economista da MB Associados.
O que era um movimento mais da indústria e da construção civil está chegando ao comércio e os serviços, e a tendência é das taxas ficarem mais elevadas por um bom tempo já que não há um horizonte de vigorosa via consumo ou investimento:
“É diferente daquele cenário a partir de 2003, com atividade mais forte. Estes números provavelmente vieram pra ficar”, diz Sérgio.
Força de trabalho e educação
Outra coisa que segurou o desemprego por um tempo foi a queda na participação da força de trabalho. um movimento que está se esgotando. A recessão faz com que mais pessoas busquem o mercado - e quando aumenta a força, aumenta também a desocupação.
A renda do Brasil ficou parada em R$ 1.840 entre o 1º trimestre de 2014 e o 1º trimestre de 2015, e isso em um cenário de inflação acima de 8%.
Isso significa que está ficando mais difícil para poucos membros sustentarem o orçamento de uma família:
“Nos últimos anos, a renda real do(a) chefe de família era suficiente e os mais jovens podiam optar só por estudar. Isso manteve o desemprego baixo, mas a desaceleração de renda real deve fazer com que a taxa de participação dê uma volta", diz Rodrigo Miyamoto, economista do Itaú Unibanco.
A maior taxa de desocupação é entre jovens do Sudeste entre 14 e 17 anos: 32,4%.
Idade | 1º tri 2014 | 1º tri 2015 |
---|---|---|
14-17 anos | 22,0% | 26,3% |
18-24 anos | 15,7% | 17,6% |
25-39 anos | 6,6% | 7,5% |
40-59 anos | 3,6% | 4,0% |
60 ou mais | 2,1% | 2,1% |
"O número de estudantes também cresceu bastante nos últimos anos, e agora o aperto nos programas como o FIES tende fazer com que os mais jovens procurem mais o mercado de trabalho”, diz Rodrigo. Miyamoto, economista do Itaú Unibanco.
No geral, a taxa entre aqueles com ensino médio incompleto é quase três vezes maior do que entre aqueles sem instrução, mas grande parte dos com pouca instrução nem está na força:
Nível de instrução | Desemprego |
---|---|
Nenhum | 5,0% |
Fundamental incompleto | 6,7% |
Fundamental completo | 8,3% |
Ensino médio incompleto | 14,0% |
Ensino médio completo | 9,4% |
Superior incompleto | 9,1% |
Superior completo | 4,6% |
O Nordeste lidera em desemprego entre as regiões, mas o aumento anual na região foi menos expressivo do que no Sudeste e Centro-Oeste:
Região | 1º tri 2014 | 1º tri 2015 |
---|---|---|
Norte | 7,7% | 8,7% |
Nordeste | 9,3% | 9,6% |
Sudeste | 7,0% | 8,0% |
Sul | 4,3% | 5,1% |
Centro-Oeste | 5,8% | 7,3% |
Brasil | 7,1% | 7,9% |
São Paulo – Horas após a Câmara dos Deputados aprovar as novas regras do seguro-desemprego, os números da PNAD Contínua divulgados pelo IBGE mostraram que o desemprego está aumentando.
A taxa pulou de 6,5% no 4º trimestre de 2014 para 7,9% nos três primeiros meses deste ano. É a maior taxa desde o 1º trimestre de 2013, quando estava em 8%.
A queda já aparecia em indicadores como a Pesquisa Mensal de Emprego do próprio IBGE, mas não deixa de ser uma má notícia para o govenro Dilma, que até pouco tempo tinha o emprego como um dos poucos indicadores positivos para mostrar.
E a queda até demorou a aparecer mais fortemente diante do crescimento zero em 2014 e a perspectiva para 2015 da maior recessão em mais de 20 anos (queda de 1,18%, de acordo com o último boletim Focus ).
Como o mercado de trabalho brasileiro é bastante rígido e demitir é caro, as flutuações de atividade têm efeitos retardados sobre o emprego – para o bem e para o mal.
“Mercado de trabalho é a ultima coisa que a gente sente quando tem uma desaceleração. E esse não é o fim do processo: a taxa deve continuar subindo e chegar a cerca de 9% no meio do ano, quando é geralmente o pico”, prevê Sérgio Vale, economista da MB Associados.
O que era um movimento mais da indústria e da construção civil está chegando ao comércio e os serviços, e a tendência é das taxas ficarem mais elevadas por um bom tempo já que não há um horizonte de vigorosa via consumo ou investimento:
“É diferente daquele cenário a partir de 2003, com atividade mais forte. Estes números provavelmente vieram pra ficar”, diz Sérgio.
Força de trabalho e educação
Outra coisa que segurou o desemprego por um tempo foi a queda na participação da força de trabalho. um movimento que está se esgotando. A recessão faz com que mais pessoas busquem o mercado - e quando aumenta a força, aumenta também a desocupação.
A renda do Brasil ficou parada em R$ 1.840 entre o 1º trimestre de 2014 e o 1º trimestre de 2015, e isso em um cenário de inflação acima de 8%.
Isso significa que está ficando mais difícil para poucos membros sustentarem o orçamento de uma família:
“Nos últimos anos, a renda real do(a) chefe de família era suficiente e os mais jovens podiam optar só por estudar. Isso manteve o desemprego baixo, mas a desaceleração de renda real deve fazer com que a taxa de participação dê uma volta", diz Rodrigo Miyamoto, economista do Itaú Unibanco.
A maior taxa de desocupação é entre jovens do Sudeste entre 14 e 17 anos: 32,4%.
Idade | 1º tri 2014 | 1º tri 2015 |
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14-17 anos | 22,0% | 26,3% |
18-24 anos | 15,7% | 17,6% |
25-39 anos | 6,6% | 7,5% |
40-59 anos | 3,6% | 4,0% |
60 ou mais | 2,1% | 2,1% |
"O número de estudantes também cresceu bastante nos últimos anos, e agora o aperto nos programas como o FIES tende fazer com que os mais jovens procurem mais o mercado de trabalho”, diz Rodrigo. Miyamoto, economista do Itaú Unibanco.
No geral, a taxa entre aqueles com ensino médio incompleto é quase três vezes maior do que entre aqueles sem instrução, mas grande parte dos com pouca instrução nem está na força:
Nível de instrução | Desemprego |
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Nenhum | 5,0% |
Fundamental incompleto | 6,7% |
Fundamental completo | 8,3% |
Ensino médio incompleto | 14,0% |
Ensino médio completo | 9,4% |
Superior incompleto | 9,1% |
Superior completo | 4,6% |
O Nordeste lidera em desemprego entre as regiões, mas o aumento anual na região foi menos expressivo do que no Sudeste e Centro-Oeste:
Região | 1º tri 2014 | 1º tri 2015 |
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Norte | 7,7% | 8,7% |
Nordeste | 9,3% | 9,6% |
Sudeste | 7,0% | 8,0% |
Sul | 4,3% | 5,1% |
Centro-Oeste | 5,8% | 7,3% |
Brasil | 7,1% | 7,9% |