Economia

Taxa de desemprego sobe a 6,2% e tem maior nível em 3 anos

Em fevereiro, a taxa de desemprego havia avançado a 5,9 por cento, após alcançar 5,3 por cento em janeiro


	Carteira de Trabalho: a taxa do mês passado iguala a que foi registrada em março de 2012
 (Ilustração de Paulo Garcia sobre foto de Raul Junior/EXAME.com)

Carteira de Trabalho: a taxa do mês passado iguala a que foi registrada em março de 2012 (Ilustração de Paulo Garcia sobre foto de Raul Junior/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 28 de abril de 2015 às 12h21.

Rio de Janeiro e São Paulo - O desemprego brasileiro subiu pelo terceiro mês consecutivo e chegou a 6,2 por cento em março, maior nível em três anos, com a queda mensal da renda mais forte em pouco mais de 12 anos diante do recorrente crescimento da procura por trabalho e demissões.

O resultado da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) divulgado nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ficou em linha com a expectativa em pesquisa da Reuters, de 6,15 por cento.

A taxa de desemprego do mês passado iguala a que foi registrada em março de 2012, e mostra maior esgotamento do mercado de trabalho após alcançar 5,9 por cento em fevereiro e 5,3 por cento em janeiro. Em março do ano passado, a taxa havia sido de 5,0 por cento.

O IBGE informou também que a renda média real caiu a 2.134,60 reais em março, perda de 2,8 por cento ante fevereiro, maior desde janeiro de 2003 (-4,3 por cento). 

Em relação a um ano antes, a queda foi de 3,0 por cento, a maior desde fevereiro de 2004 (-4,8 por cento). 

"Tem efeito da inflação e da conjuntura econômica. A renda pode ser um fator importante para fazer as pessoas buscarem mais trabalho. Quem não buscava trabalho decide voltar a trabalhar", destacou a gerente do IBGE Maria Lucia Vieira.

O cenário de maior procura por trabalho e menor criação de vagas ou demissões vem se repetindo desde o início do ano, em consonância com a deterioração da economia do país, refletindo as perspectivas de contração da atividade, em meio ao aperto monetário, esforços de ajuste fiscal e inflação alta.

Em março, segundo a PME, a população desocupada, que são as pessoas sem trabalhar mas à procura de uma oportunidade, subiu 5,3 por cento na comparação mensal e avançou 23,1 por cento sobre o ano anterior, chegando a 1,494 milhão de pessoas.

Demissões 

Já o corte de vagas no período ficou evidente na redução da população ocupada de 0,2 por cento ante fevereiro e na queda de 0,9 por cento em relação ao mesmo período do ano anterior, chegando a 22,727 milhões de pessoas.

Somente o comércio, setor que nos últimos meses também passou a sofrer com a fraqueza econômica, registrou queda de 1,9 por cento no número de vagas na comparação com fevereiro, ou 83 mil vagas a menos. 

Mas ainda teve saldo positivo, de 24 mil postos, na base anual. 

Já a indústria, que padece há tempos com as dificuldades enfrentadas pelo país, embora tenha mostrado alta de 0,6 por cento no número de vagas na comparação mensal, teve perda de 6,3 por cento em comparação com março do ano passado, o que significa corte de 232 mil postos de trabalho.

"A queda na ocupação, embora ocorra há quatro meses, está menor, e a desocupação perdeu força. Isso indica que a podemos ter uma taxa em abril obedecendo à tendência histórica, ou seja, mais baixa", disse Maria Lucia, do IBGE, dizendo que o começo do ano é caracterizado pela dispensa de temporários.

Os números do IBGE vão de encontro aos dados do Ministério do Trabalho, que haviam mostrado um alívio no mercado de trabalho em março com a abertura de 19.282 vagas formais, interrompendo três meses seguidos de declínio.

No trimestre encerrado em fevereiro, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, que tem abrangência nacional e cujo objetivo é substituir a PME, a taxa de desemprego do país havia subido a 7,4 por cento.

"Nossa expectativa é de que o mercado de trabalho se deteriore mais. Do lado positivo... o enfraquecimento deve ajudar a finalmente trazer para baixo a curva da inflação de serviços", destacou o diretor de pesquisa econômica do Goldman Sachs para América Latina, Alberto Ramos, que projeta taxa de 7 por cento no final do ano.

*Atualizado às 12h18
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