Economia

Com Trump, mídia da China alerta para confronto comercial

Presidente eleito dos EUA, Donald Trump, nomeou Peter Navarro para comandar um novo Conselho Nacional de Comércio da Casa Branca

Peter Navarro: economista que sugeriu uma postura dura com Pequim comandará o comércio dos EUA (Divulgação)

Peter Navarro: economista que sugeriu uma postura dura com Pequim comandará o comércio dos EUA (Divulgação)

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Reuters

Publicado em 23 de dezembro de 2016 às 09h20.

Pequim - A mídia estatal da China expressou alarme nesta sexta-feira e alertou para um "duelo com os Estados Unidos" depois que o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, nomeou Peter Navarro, economista que sugeriu uma postura dura com Pequim, para comandar um novo Conselho Nacional de Comércio da Casa Branca.

O Ministério do Comércio chinês, por sua vez, enfatizou que as trocas entre os dois países beneficiam ambos, mas alertou a nova gestão de Washington a respeito de quaisquer medidas que possam prejudicar os laços comerciais bilaterais.

O acadêmico Navarro atuou em uma ocasião como assessor de investimentos e escreveu livros como "Morte causada pela China: Como a América Perdeu sua Base Manufatureira". O livro virou um documentário sobre a ambição chinesa de se tornar a economia e o poder militar dominantes na Ásia.

"Que indivíduos como Navarro, que tem preconceito contra a China, sejam escolhidos para trabalhar em posições de destaque no próximo governo não é motivo de piada", disse o China Daily, jornal oficial em inglês, em seu editorial.

"O novo governo deveria ter em mente que, agora que os laços econômicos e comerciais entre as duas maiores economias do mundo estão mais estreitos do que jamais estiveram, qualquer medida que prejudique a relação mutuamente benéfica só irá resultar em perda para os dois lados."

No dia anterior, o Ministério das Relações Exteriores chinês reagiu dizendo estar muito atento à equipe de transição de Trump e à possível direção de suas políticas, e que a cooperação entre as duas nações é a única escolha correta.

O republicano Trump fez do comércio um dos principais tópicos de sua campanha presidencial e repudiou o que disse serem acordos ruins que os EUA fizeram com outros países. Ele ameaçou adotar altas tarifas contra o México e a China assim que tomar posse no dia 20 de janeiro.

Shen Danyang, porta-voz do Ministério do Comércio, disse em um boletim à imprensa em Pequim nesta sexta-feira que os EUA irão continuar a ver benefícios mútuos no comércio com a China e que o padrão de aprofundamento da cooperação entre as duas potências nessa área irá prosseguir.

"Independentemente das mudanças que aconteçam no governo e presidente dos EUA, os interesses comuns na Secretaria de Comércio e na representação comercial (entre EUA e China) são maiores do que as diferenças", disse Shen.

Mas Washington precisa tomar cuidado para não repetir erros do passado, observou.

"Nós nos opomos à ideia de fazer outros tomarem remédios quando se está doente. Isto aconteceu no passado e poderia acontecer no futuro", disse Shen, sem dar maiores detalhes.

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