Economia

Com acordo, parte das exportações de produtos agrícolas terá restrições

Para cerca de 18% das exportações agrícolas do Mercosul, haverá um limite de volume para UE importar com tarifa reduzida

Cotas que impõe limites valerão para produtos como carne bovina, carne de frango, açúcar, etanol, mel e ovos (Ashraful Arefin photography/Getty Images)

Cotas que impõe limites valerão para produtos como carne bovina, carne de frango, açúcar, etanol, mel e ovos (Ashraful Arefin photography/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 3 de julho de 2019 às 07h40.

Última atualização em 3 de julho de 2019 às 07h49.

Brasília — O governo brasileiro terá de criar nos próximos meses um sistema para distribuir licenças a produtores interessados em embarcar determinadas mercadorias com tarifas mais baixas à União Europeia (UE). Embora o acordo fechado na semana passada entre Mercosul e UE garanta a abertura total do mercado europeu para produtos industrializados sul-americanos, o comércio para produtos agrícolas seguirá com algumas restrições.

O texto negociado prevê o fim da cobrança de tarifa de importação para 82% das exportações agrícolas do Mercosul. Para quase todo o restante, só um volume determinado poderá ser importado com tarifas reduzidas. Essas cotas valerão para produtos como carne bovina, carne de frango, açúcar, etanol, mel e ovos, entre outros.

Apesar dessa limitação, exportadores do Mercosul terão um instrumento a mais de barganha na hora de vender seus produtos, segundo fontes do governo brasileiro. O Mercosul conseguiu negociar que as licenças para o comércio dentro dessas cotas serão compartilhadas entre sul-americanos e europeus.

Hoje, só europeus têm autorização para importar dentro das cotas e podem negociar com qualquer exportador brasileiro. Isso, na avaliação do governo, dá mais poder de barganha aos europeus. Com o acordo, os vendedores brasileiros também terão licenças e o negócio só poderá acontecer se os dois lados estiverem habilitados. O Brasil entende que, desta maneira, o jogo ficará mais equilibrado.

Para que esse mecanismo funcione, o governo brasileiro terá de montar regras para a distribuição dessas licenças e criar um sistema que permita a habilitação dos exportadores de forma transparente para que produtores menores não sejam excluídos do processo, afirmou uma fonte do governo. A modelagem ainda está sendo discutida dentro do governo.

As cotas valerão para Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Na prática, os quatro parceiros irão disputar entre si o acesso privilegiado aos europeus. Isso porque, ao atingir a cota, os exportadores do Mercosul até poderão vender à UE, mas com tarifas muito maiores - a depender do produto, a tarifa pode pular de 7% para mais de 20%.

Divisão

Não está decidido ainda como essa divisão entre os parceiros se dará, de acordo com uma fonte do governo brasileiro. No caso da carne bovina, por exemplo, o Brasil terá de partilhar a cota de 99 mil toneladas oferecida pela UE com argentinos e uruguaios.

Já se sabe, porém, que quanto mais ágil for a aprovação por parte do Congresso de um País mais chances seus exportadores terão de lucrar com as cotas.

Isso porque a parte comercial do tratado pode entrar em vigor desde que haja aprovação pelo Parlamento Europeu e pelos parlamentos do bloco sul-americano - não é necessária a aprovação individual dos 28 países que compõem a UE nesse caso.

Mas Brasil e Argentina querem simplificar ainda mais o processo e combinar dentro do Mercosul para que a aprovação seja bilateral. Ou seja, a partir do aval europeu, bastaria que o Brasil aprovasse internamente o acordo para que as regras já valessem para os produtores brasileiros.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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