Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central: Colômbia e Canadá estão interessados no Pix (Patricia Monteiro/Getty Images)
Da redação, com agências
Publicado em 12 de agosto de 2022 às 13h44.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que outros países estão interessados em replicar a experiência brasileira de pagamentos instantâneos do Pix.
"Estamos fazendo uma parte de Pix internacional. Eu tenho conversado bastante que o banqueiro central da Colômbia (Leonardo Villar). Ele me diz que querem fazer igual. Acho que podemos expandir o Pix pelo menos na América Latina em um primeiro momento. O Canadá também esta interessado, porque o Pix é muito barato, custo R$ 5 milhões para o BC", disse, em palestra sobre "A regulamentação das criptomoedas no Brasil e no mundo", promovida pelo Escritório Figueiredo & Velloso Advogados Associados.
Campos Neto citou ainda a agenda evolutiva do instrumento, com o Pix Cobrança, o débito automático e a liquidação não prioritária.
O presidente do BC listou ainda os resultados do Open Finance, com mais de 7,5 milhões de compartilhamentos e 4 bilhões de chamadas de API na plataforma.
Campos Neto argumentou também que a moeda digital (CBDC) deve ter uma "trilha principal" produzida pela autoridade monetária, que seria usada pelos demais bancos que queiram emitir suas moedas em cima de seus depósitos.
"É a única forma de ter certeza de que tudo funcionará de forma harmônica como o Pix. Isso envolve uma mudança de custo do projeto para o BC que não é trivial. Se fizéssemos só a central de liquidação, era um custo bem menor. O que aprendemos no processo do registro de recebíveis nos mostra que tem que ser centralizado, porque foi um pouco de caos", afirmou.
O presidente do Banco Central avaliou também que deveria ter envolvido mais a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na discussão sobre a regulação de criptoativos. "Mandamos mais de 40 projetos para o Congresso e todos foram aprovados. Após o debate com os parlamentares, o projeto de criptoativos ficou muito parecido com o que tínhamos pensado. Poderíamos ter envolvido mais a CVM, até tentamos. Agora vamos trabalhar juntos", afirmou.
Por último, Neto disse que as inovações no mercado financeiro devem fazer com que o cartão de crédito deixe de existir “em algum momento em breve”.
"Hoje por exemplo, você compra com cartão de crédito, aí um familiar vai lá e compra 15 parcelas. Você recebe a conta “⅚” “4/8”, eu por exemplo não tenho a menor noção do que está acontecendo. Aqui você vai ter tudo de forma consolidada, inclusive esse sistema elimina a necessidade de ter cartão de crédito. Acho que o cartão de crédito vai deixar de existir em algum momento em breve", disse.
Na avaliação de Campos Neto, a evolução do mercado com o Open Finance e o Pix, por exemplo, vai permitir que toda a vida financeira da pessoa seja facilmente acessível por meio do celular.
Os cartões de crédito e débito estão em segundo e terceiro lugar, respectivamente, entre os meios de pagamentos mais utilizados no país, perdendo apenas para o Pix.
No primeiro trimestre deste ano, o BC registrou 4,2 bilhões de transações pelo Pix. No cartão de crédito foram 3,7 bilhões e no débito, 3,6 bilhões.
(Com informações de O Globo e Estadão Conteúdo)