Redação Exame
Publicado em 22 de maio de 2024 às 07h00.
A China sinalizou que está pronta para impor tarifas de até 25% sobre carros importados num momento em que as tensões comerciais aumentam com os Estados Unidos e a União Europeia.
De acordo com informações da Bloomberg, Pequim está intensificando as ameaças de retaliação à medida que se aproxima o prazo para que a UE anuncie os resultados de sua investigação sobre os subsídios da China para veículos elétricos (VE). O bloco deve informar aos exportadores chineses se pretende impor tarifas até o início de junho, e elas podem entrar em vigor um mês depois.
As tensões comerciais entre a UE e a China aumentaram desde essa investigação foi anunciada, e a visita do presidente Xi Jinping à Europa, em maio, pouco aliviou a tensão.
A China importou 250.000 carros em 2023 dos modelos que poderiam sofrer sobretaxas - as regras da Organização Mundial do Comércio permitiriam uma tarifa de até 25%, o que pretende Pequim. A tarifa atual sobre as importações de carros de passeio da Europa é de 15%, de acordo com o Ministério do Comércio chinês.
As montadoras mais afetadas seriam Toyota, o Mercedes-Benz e BMW, disse Daniel Kollar, chefe da prática automotiva e de mobilidade da consultoria Intralink à Bloomberg. Os carros japoneses, bem como a marca Lexus da Toyota, seriam afetados somente se a China impusesse tarifas sobre as importações de todos os países, em vez de visar apenas EUA ou UE.
Além dos automóveis, a China deu a entender que poderia impor tarifas sobre o vinho e os laticínios europeus e iniciou uma investigação sobre as exportações europeias de conhaque.
Em meio à preocupação global com o aumento das exportações da China, o setor de veículos elétricos está atraindo uma atenção especial. A China produz mais carros elétricos do que qualquer outro país, além de controlar a maior parte da cadeia de suprimentos de baterias. Com uma guerra de preços e uma economia em desaceleração no país, seus fabricantes de automóveis estão buscando expandir-se no exterior. Eles exportaram 1,55 milhão de VEs em 2023, cerca de 40% deles para a Europa.
Para deixar o cenário ainda mais complicado, o governo Biden, no início de maio, anunciou tarifas de 100% sobre os carros elétricos chineses, aumentando o temor de uma guerra comercial em grande escala. Já a UE disse estar investigando os subsídios de Pequim em uma série de setores, o que levou as empresas chinesas a se retirarem das licitações de ferrovias e energia.