Economia

Batalha global contra a inflação está quase vencida, diz FMI

Fundo Monetário Internacional avalia que a maioria dos países conseguiu conter alta de preços e evitar recessão

Reunião anual do FMI em Washington, na sede da instituição (Brendan Smialowski/AFP)

Reunião anual do FMI em Washington, na sede da instituição (Brendan Smialowski/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 22 de outubro de 2024 às 10h00.

Para o FMI (Fundo Monetário Internacional), a luta para baixar a inflação ao redor do planeta está perto do fim. A mensagem veio na versão mais recente do relatório World Economic Outlook, divulgado nesta terça-feira, 22.

"A batalha global contra a inflação tem sido largamente vencida, mesmo que as pressões persistam em alguns países. Depois de um pico de 9,4% no terceiro trimestre de 2022, na comparação anual, as taxas de inflação estão agora projetadas para atingir 3,5% no final de 2025, abaixo da média de 3,6% entre 2000 e 2019", diz o relatório.

O fundo aponta que, apesar do profundo aperto da política monetária (aumento das taxas de juros) pelo mundo, a economia global se mostrou resiliente e conseguiu evitar uma recessão.

O crescimento da economia global para 2024 e 2025 foi previsto em 3,2% para cada ano, praticamente mantendo a última previsão do fundo, feita em julho.

A inflação teve alta após a pandemia por conta de vários problemas surgidos em meio à crise sanitária, como fechamentos temporários de fábrica e atrasos logísticos, que levaram à falta de produtos. Além disso, houve choques geopolíticos, como a Guerra da Ucrânia, iniciada em 2022, que mexeu com os preços de várias commodities.

"Claramente, muito da desinflação se deve ao enfraquecimento dos choques em si mesmo, seguidos por melhorias na oferta de trabalhadores, muitas vezes ligadas à imigração. Mas a política monetária teve um papel importante ao manter as expectativas de inflação ancoradas, evitando espirais de aumento de preços e salários e uma repetição da experiência desastrosa dos anos 1970", aponta o estudo.

Brasil deverá crescer mais

No relatório, o FMI aumentou a projeção de crescimento do Brasil para 2024, de 2,1% para 3%, na comparação com sua última previsão, em julho. O dado faz parte do relatório World Economic Outlook, divulgado nesta terça-feira, 22.

Em 2025, a previsão do FMI é que o país cresça 2,2%, uma redução de 0,2 ponto percentual na comparação com a projeção anterior.

"A revisão se deve ao consumo privado e ao investimento mais fortes no primeiro trimestre do ano, assim como mercado de trabalho apertado, transferências do governo e danos menores do que o previsto pelas enchentes", aponta o relatório.

A inflação no Brasil deve atingir 4,3% ao final de 2024 e 3,6% em 2025, projeta o Fundo.

Três ações a tomar

Apesar da melhora, o FMI defende a implantação de três pontos necessários para que a economia global se mantenha estável e siga melhorando.

O primeiro deles é seguir com a baixa das taxas de juros. "Isso ajudará a atividade econômica em um momento em que o mercado de trabalho em muitas economias avançadas está mostrando sinais de fraqueza, com aumento do desemprego", recomenda o fundo. O movimento também ajudará a reduzir a pressão sobre os países emergentes.

O segundo ponto é aumentar o controle sobre gastos públicos. "Depois de anos de política fiscal solta, é hora de estabilizar as dinâmicas de dívidas e reconstruir proteções fiscais", diz o fundo.

O FMI recomenda ainda que sejam feitas reformas estruturais, para aumentar as oportunidades, especialmente nos países em desenvolvimento.

Veja a seguir as previsões de alta ou baixa do PIB para alguns países e regiões:

Economia global
2024 - 3,2%
2025 - 3,2%

Brasil
2024 - 3%
2025 - 2,2%

Estados Unidos
2024 - 2,8%
2025 - 2,2%

China
2024 - 4,8%
2025 - 4,5%

Zona do Euro
2024 - 0,8%
2025 - 1,2%

Japão
2024 - 0,3%
2025 - 1,1%

Reino Unido
2024 - 1,1%
2025 - 1,5%

México
2024 - 1,5%
2025 - 1,3%

Argentina
2024 - 3,5% negativo
2025 - 5%

Índia
2024 - 7%
2025 - 6,5%

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